Imagens raras do manguebeat

Chico Science e a cultura manguebeat estão de volta à “cena” hoje à noite, na última rodada competitiva do 9º Festival de Vídeo de Pernambuco. Viagem ao centro do mangue, do fotógrafo Gil Vicente, traz imagens raras de um encontro entre integrantes da Mundo Livre e Lamento Negro, grupo que pouco depois se juntaria ao Loustal para formar a Nação Zumbi. Editor-assistente de fotografia do Diario de Pernambuco, Vicente foi testemunha há 15 anos da gênese do movimento. No vídeo, que ele apresenta hoje pela primeira vez, ele trata do assunto a partir de uma sessão de fotos feita com os músicos numa expedição exploratória entre pontes, mangues e estações de trem.

A ideia de retirar o material da gaveta e adaptá-lo para a linguagem audiovisual surgiu após a abertura da exposição Camisa sonora, promovida pelo Memorial Chico Science. “Adriana Vaz (gerente de serviços do MCS), me convidou para fazer uma projeção das fotos em sequência”, conta Vicente. O vídeo é um remix digital dessasimagens seminais, cerca de 40 fotos em preto e branco editadas e retrabalhadas em detalhes e tons. O experimento rendeu um conjunto de 250 novas imagens, que interagem sobre a trilha sonora com trechos e samplers de um show da CSNZ em Montreaux, disponibilizada na internet. O resultado, de acordo com o diretor, é um vídeo que transita entre o documentário experimental e o making of do que seria os primeiros momentos da cultura mangue.

Programação – Dezoito atrações estão previstas para hoje no Festival de Vídeo. Às 17h30, a mostra universitária apresenta Abril pro rock-fora do eixo, de Ricardo Almoêdo, Everson Teixeira e Júlio Neto, Depois do jantar, de Alba Azevedo e Nara Viana, Um carpinense chamado Aguinaldo, de Thalita Belo Pereira, Devaneio, de Marlom Meirelles e Ô de casa, de Júlia Araújo, Sheyla Florêncio, Mirthyani Bezerra. A partir das 19h, a mostra geral traz A invenção do cotidiano, de Diogo Luna, Refém, de Luna Silva Matos, A maldição de Simeão, de José Manoel da Silva, Acima da chuva, de TacianaOliveira, Hoje tem espetáculo, de Andreza Leite, The skate boy, de Marco Machado, Fairies, de André Pinto, Viagem ao centro do mangue, de Gil Vicente, Todo dia, de Daniel Barros, Dilema – Bob Black, de Taciana Oliveira, Mamulengo riso do povo, de Amanda Marques e Vilma Silva, Não me deixe em casa, de Daniel Aragão e Difusão, de Daniel Barros.

(Diario de Pernambuco, 03/12/2009)

Os melhores shows do Abril Pro Rock 2009 – noite de sábado, 18 de abril

Por ordem de entrada no palco:


HEAVY TRASH (EUA)

O show começou na surdina, sem aquela vinheta brega com contagem regressiva que colocam antes de cada atração. Além do que, na grade oficial, o Heavy Trash figurava entre Mundo Livre e Marcelo Camelo, só que a banda entrou logo depois da Retrofoguetes, o trio baiano de surf music e sotaque harcore.

Me dei conta de que havia começado porque Paulinho do Amparo deu o toque. É que, assim como em 2001, quando o Blues Explosion tocou depois do Textículos de Mary, o sound level estava tão abaixo do das outras bandas, que mais parecia som ambiente, equalizado com requinte. Quem não sabia, aprendeu que guitarra distorcida e berros no microfone não precisam furar os tímpanos para lembrar que estamos num festival de rock.

Jon Spencer e companhia foram direto ao ponto. Show clássico e contagiante. Bons músicos, palco despojado de qualquer elemento além do necessário. Fundo preto, equipamento, luz e atitude. Pra que mais?

Além de se garantir no gogó, Spencer se mostrou ótimo performer, pegada punk na medida que desconstrói os trejeitos do repertório rockabilly. O som é pesado e arrasador, algo como se Elvis, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis entrassem no palco montados num rolo compressor.

Uns 40 minutos depois, hora da despedida, novamente sem convenções desnecessárias: não houve bis, os quatro músicos simplesmente agradeceram e deixaram o palco. Mais do que isso, só marcando a data da volta.


MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU (DF)

Direto de Brasília, o maior carregamento de gás hilariante do novo pop nacional. O grupo é quase uma big band, com metais de todo o tipo e um crooner saltante. O palco parece uma feira do interior, com baldes de plástico coloridos pendurados no alto, e fitas coloridas escorrendo para o chão.

Móveis Coloniais injetou a energia que faltava num ambiente que, após show de Volver e Vanguart, alternava entre a apatia e a falta do que fazer.

É que os músicos pareciam estar se divertindo tanto sob um código particular, entrosado e íntimo, que foi fácil convecer o público a entrar na brincadeira. Muito bom perceber que, no meio de tanta melancolia de plástico, existe uma banda que faz um som legal, despretensioso e bem humorado.


MUNDO LIVRE (PE)

Já perdi a conta de quantos shows da Mundo Livre eu já assisti, e todos eles valeram demais. Desta vez, no ensejo dos 25 anos da banda mais famosa de Candeias Rock City (apenas para lembrar o nome da atração do APR que perdi, mas dizem que foi muito boa), tivemos um set list novinho em folha.

Grande show, músicos afiados, som tinindo de bom. Músicas novas tocadas logo no começo. Os clássicos do mangue beat da metade para o final. É incrível perceber que, assim como quando lançaram Samba Esquema Noise (1994) a força da composição de Fred Zeroquatro continua lá, combativa, jovial, e ainda sem equivalente ou paralelos na MPB.

Mundo Livre na Torre Malakoff + festa no Iraq

O amigo Evandro avisa que hoje haverá dobradinha de eventos na Torre Malakoff + IRAQ.

Às 16 horas, na Torre Malakoff, haverá lançamento do Observa e Toca Malakoff, projetos da Coordenadoria de Música da Fundarpe, da qual Evandro participa nos últimos meses.

“Vai ter oficinas, palestras, bate-papos musicais e concurso de novos artistas”, informa o agitador cultural.

Na tarde de hoje se apresentam a banda Euterpina Juvenil Nazarena (Capa Bobe),
DJ Charles (Êxito D’ Rua) e Mundo Livre. Notícia completa aqui.

Entrada franca.

“E às 19 horas assim que acabar o lance lá na Torre, vá curtir o Encruação IRAQ Live Afrobeat: Flotation Tanks With Mushrooms (EUA, POR, SUECIA, BRA) e DJ Evandro Q?”, completa Evandro.

O Iraq fica na Rua do Sossego, 179 – Boa Vista.

Arte da capa de Combat Samba, novo CD da Mundo Livre

Taí a capa do novo CD da Mundo Livre, Combat Samba. A arte é autoria do casal Jorge duPeixe e Valentina Trajano, responsáveis pelo visual de outros disquinhos pernambucanos.

Trata-se de uma coletânea com apenas uma canção inédita, produzida por Carlos Eduardo Miranda. A parceria remonta ao primeiro álbum do grupo, Samba Esquema Noise, de 1993.

O nome do disco é uma paródia de Combat Rock, clássico oitentista do grupo punk britânico The Clash, forte influência para Zeroquatro e companhia.

Para conhecer outras capas bacanas da recente safra made in Pernambuco, leia matéria minha na revista Continente Multicultural deste mês.