"Fetichast", um retrato tenebroso da "geração X(uxa)"

Estes são os primeiros quadros de “Fetichast – províncias dos cruzados“, uma história em quadrinhos totalmente desenhada e finalizada a lápis por J. Márcio Nicolosi, e editado pela Devir Livraria (112 páginas, R$ 30).

A trama é construída em torno de uma distopia em que a república fictícia de Fetichast é controlada por um único canal de TV. Os personagens são ou pessoas sedentas por poder, ou apresentadoras de programas infantis seminuas, ou meninos e meninas pobres, que vivem nos sinais de trânsito.

Naquele país ninguém fala corretamente sua língua. E, assim como no livro “Fahrenheit 451” (de Ray Bradbury, filmado por François Truffaut), a leitura parece estar abolida. A história é contada por um violeiro ao estilo “mariachi”, que encontra três crianças numa encruzilhada qualquer. A música, assim como o cinema, são possibilidades para entender que o mundo é bem maior do que o que passa na telinha, mas será que ainda restam possibilidades de convivência não totalitárias nessa sociedade “midiotizada”?

Veterano da HQ nacional, Nicolosi desenha profissionalmente desde 1974, como funcionário da Maúrício de Souza Produções. Nos anos 80 partiu para uma carreira independente no ramo da animação publicitária. Em 1990, volta para a MSP para trabalhar nos desenhos animados da Turma da Mônica. Atualmente, desenvolve o material para o projeto “Cine Gibi 3” e para o longa animado do dinossauro Horácio.

Este é o segundo volume de “Fetichast”, projeto explicitamente autoral e independente, começou a ser desenvolvido em 1991, em plena era Collor. Na época, o Brasil passava por vários escândalos políticos e ao mesmo tempo vivia um “boom” comercial de programas infantis.

Doc TV: Manoel de Barros em documentário do Mato Grosso do Sul

“O POETA É UM ENTE QUE LAMBE AS PALAVRAS E SE ALUCINA” é o vídeo da semana no Doc TV III.

texto do release:

O documentário, gravado no pantanal sul-mato-grossense, aborda a trajetória da vida e da obra do poeta Manoel de Barros, num exercício compartilhado entre o documentarista e o próprio poeta. Nele, um andarilho percorre os lugares onde o poeta nasceu e ainda vive. Ao longo da jornada, o andarilho tem encontros com outros personagens criados por Manoel de Barros.

As locações foram escolhidas propositalmente e de acordo com as informações obtidas com o escritor. O andarilho principal, enquanto vaga por pântanos, cidades e vilas, vai narrando em pensamentos a poesia que se trama com ruídos e com a música de Erik Satie, Ravel, Debussy e Fouré. A viagem tem o sentido de nascimento e vida. Trajetória da vida e obra do poeta Manoel de Barros, num exercício compartilhado entre o documentarista e o próprio poeta.
Direção: Arlindo Fernandez

Co-produção: Arlindo Fernandez de Almeida / Leader Vídeo-Produtora Ltda TVE Regional-MS / Fundação Padre Anchieta – TV Cultura

Video pernambucano em rede nacional de televisão

Uma cruz, uma história e uma estrada, documentário do pernambucano Wilson Freire será exibido neste domingo (6), às 23h, na rede pública de televisão. Com reprise no sábado seguinte, às 21h. O vídeo de média metragem foi realizado em 2006, após seu roteiro ter sido escolhido para representar Pernambuco na terceira edição do DOCTV, um Programa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em parceria com as TVs públicas e realizadores de todo o país.

Nos anos anteriores, o núcleo pernambucano do DOCTV produziu Ensolarado Byte, de Maurício Castro, e Mitos e lendas no reisado de Inhanhum, de Alexandre Fernandes.

Uma cruz, uma história e uma estrada percorre discursos, caminhos e casos de pessoas que morreram em acidentes nas estradas, do litoral ao sertão. Começa com um depoimento da mãe de Chico Science, falecido tragicamente em 1997 após bater o carro em alta velocidade num poste entre Recife e Olinda.

Da Zona da Mata, para o agreste e o sertão, artistas como Siba, J. Borges proseiam sobre a simbologia das cruzes e cruzeiros fincados na beira das estradas, casos, acidentes, e pessoas queridas que se foram subitamente. Antônio Nóbrega também participa, cantando uma loa num velório fictício.

O release oficial do DOCTV diz o seguinte sobre a produção: “Road-movie que parte da cidade de Recife, e percorre mais de 3.500 km pela Zona da Mata, Agreste e os sertões dos vales do Moxotó, Pajeú e Cariris, e adota como procedimento o registro de histórias de vida e morte, a partir da identificação das Cruzes que são erguidas à beira das estradas e caminhos. Histórias de vida de anônimos e de famosos com um único destino trágico: o de tombarem sem vida à margem de uma estrada, asfaltada ou de chão batido, na grande metrópole ou nos mais longínquos sertões. Uma Cruz, uma História e uma Estrada fala do efêmero e do eterno; do humano e do Divino; do agora e do depois.”