Liam Neeson volta a uma Berlim contemporânea

Pouco antes de estrear nos EUA, o longa Desconhecido (Unknow), teve première mundial na noite de ontem, no Berlinale Palast. O filme, que chega ao Brasil na sexta que vem, é um thriller que se move em clichês do cinema americano, com direito a lutas, perseguição de carros, tiros e explosões em locais históricos. Teria gosto de comida requentada, não fosse a embalagem de luxo: a produção foi 100% rodada na capital alemã e conta com a participação de Liam Neeson, Diane Kruger e Bruno Ganz (Asas do desejo, A queda!).

Baseado na moral de que o que define uma pessoa são suas ações, o filme pode ser resumido como um pastiche de referências hollywoodianas, dos suspenses de Hitchcock aos filmes de espionagem. Como bons americanos, os personagens detonam tudo por onde passam, o que gerou risadas e aplausos irônicos durante a sessão para a imprensa. Referências ao nazismo e o fato de Neeson estar desde 1993 no imaginário coletivo alemão por ter vivido Oskar Schindler no filme de Spielberg deram ao filme um sabor especial.

Agora, Neeson está em Berlim como visitante que sofre um acidente no qual sua memória fica comprometida. Ele passa quatro dias em coma e quando acorda, encontra outra pessoa ocupando o seu lugar, seu trabalho, seu casamento. Para provar sua identidade, ele se alia a uma garota albanesa (Kruger, de Bastardos Inglórios) que dirigia o táxi no momento do acidente e a um ex-agente da polícia secreta alemã (Ganz, em ótima interpretação).

Baseado em livro Hors de moi, escrito em 2003 pelo escritor Didier Van Cauwelaert, Desconhecido seria inicialmente ambientado em Paris. No entanto, o diretor Jaume Collet-Serra (s) decidiu mudar a trama para Berlim porque a cidade seria menos conhecida do público americano. “Berlim é cheia de histórias e eu nunca havia estado aqui. Isso foi ideal para alguém que procura uma identidade pois foi fácil encontrar locações em que o personagem se sentisse assim”, disse Collet-Serra, após a exibição.

Kruger, que briga, mergulha num rio e gira de ponta cabeça em carros, disse que trabalhar em um filme de ação “é como aprender a dançar”. Ela participa de sequencias de acão que envolvem lugares famosos de Berlim, como um prédio que explode em frente ao Portal de Brandemburgo. Se cenas como essa ironizam ou reafirmam o american way , eis a questao. Em última instancia, fazem as duas coisas.

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