Notícias do frio

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Estou na Alemanha, onde pela terceira vez cubro o Festival de Berlim.

Desta vez por meio deste blog, produzido e hospedado pela Revista Continente, publicação especializada em cultura, das melhores do país. Aliás, este trabalho só se tornou possível graças à feliz parceria entre a Companhia Editora de Pernambuco (que edita a Continente) e o Consulado Geral da Alemanha no Recife. Estamos no início de um biênio de cooperação Brasil – Alemanha, e uma larga gama de atividades está prevista, da qual esta cobertura tem a honra de fazer parte.

Cheguei em Berlim na quarta-feira. O festival, conhecido como a Berlinale, começou ontem, com a exibição de “The Grandmaster”, produção falada em cantonês e mandarim que marca o retorno de Wong Kar Wai (presidente do júri internacional deste ano) à sua terra natal, a China. No entanto, os grandes mestres estão na mostra Berlinale Classics, destaque para “Disque M Para Matar” (1954), restaurado ao 3D originalmente concebido por Hitchcock, “A Marca da Maldade” (1958), de Orson Welles e “Tokyo Story” (1953), de Yasujiro Ozu.

  O frio não chega a ser glacial como os 15 graus abaixo de zero, que chegamos a pegar no ano passado. Tampouco impede os milhares de berlinenses e convidados de lotar dezenas de sessões diariamente. A vocação popular da Berlinale encontra paralelo na sua busca de equilíbrio entre o cinema de celebridades e o de matiz social. Às vezes eles andam juntos. Praticamente todos os títulos, tanto da seleção oficial quanto na mostra Panorama, estão conectados com a realidade do planeta, hoje. Bons filmes, é o que esperamos.

A competição oficial começa daqui a pouco, com “Promised Land”, o novo Gus Van Sant, com Matt Damon no papel principal e o polonês “In The Name Of”, de Malgoska Szumowka. Amanhã tem início uma retrospectiva sobre o cinema da República de Weimar. Nada mal. Com a Europa em crise econômica, talvez seja importante olhar para filmes realizados nos anos que antecederam a ascensão do partido nazista. 

Nas palavras do diretor do festival, Dieter Kosslick, a Berlinale é “uma janela para o mundo”. Isso inclui, além do cinema independente do Irã, Coreia, Polônia, Vietnã e Venezuela, filmes comerciais de Hollywood. O oscarizável “Os miseráveis” também está aqui, assim como “The Croods”, o novo desenho da Dreamworks, e “Side Effects”, anunciado como o último filme de Steven Soderberg. River Phoenix, morto em 1993 por overdose, tem seu último filme, o inacabado “Dark Blood”, de George Sluizer, finalmente apresentado ao público.

Entre os homenageados está Claude Lanzmann, 88 anos, parisiense filho de judeus refugiados na Segunda Guerra. Ele é autor de “Shoah” (1985), documentário com dez horas de duração, considerado o mais importante registro de história oral sobre o Holocausto.

Há mais, Richard Linklater, Bruno Dumont, Guiseppe Tornatore, Jafar Panahi, Ken Loach, Isabella Rossellini. Berlim promete.

Daqui a pouco, mais notícias do frio.

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