Abrir os olhos

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Preservar memória diz muito sobre uma nação. Todos os anos, boa parte da Berlinale é dedicada a clássicos e retrospectivas, sempre que possível, em cópias restauradas. A jóia da coroa de 2014 é “O Cabinete do Dr. Caligari”, obra prima de 1920 dirigida por Robert Wiene, restaurada em digital 4K.

A sessão especial aconteceu ontem, no salão de concertos da Filarmônica de Berlim, com música composta e executada ao vivo por John Zorn. Impressiona a forma como a trilha sonora pode não só traduzir uma obra, como amplificar seu poder, no caso, o de representar a loucura e outras perturbações da alma.

Personagens transtornados e cenários distorcidos ficaram ainda mais estranhos e fascinantes ao som do gigantesco órgão tocado por Zorn, em arranjo parte ensaiado, parte improvisado para os seis atos do filme.

Ali experimentamos a narrativa visual e sonora em sua essência. Poucas palavras, luz e sombra, respiração: cinema.

PS: Logo após a sessão, um problema técnico interditou o prédio da cinemateca nacional alemã. Havia a suspeita de fogo e por isso nada menos que oito carros de bombeiro foram mobilizados. Nada mal.

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