Capas de CDs Pernambucanos: "Eu tiro o couro do dançador" – Coco de Tebei e "Antologia Pastoril Profano"

Dando continuidade à série Capas de CDs Pernambucanos, o Quadro Mágico apresenta a arte para os álbuns Eu tiro o couro do cantador, e Antologia do Pastoril Profano.

Ambos são produtos da Sambada Comunicação e Cultura.


PROJETO GRÁFICO DE DANIELA BRILHANTE

Eu tiro couro do dançador é um CD/DVD que registra o Coco de Tebei, folguedo de origem indígena, identificado no início do século passado pela famosa missão Mário de Andrade. De lá pra cá, a manifestação saiu da área urbana de Tacaratu (sertão pernambucano) para a área rural. O lançamento será em novembro.

“A capa do Tebei foi criada a partir de elementos cristãos. Os integrantes tem muita devoção aos santos católicos. As flores de papel de seda que enfeitam a capa são as mesmas que ornam o oratório de Maria do Carmo, uma das cantoras. Elas foram agrupadas em forma de oratório e as nuvens estilizadas são para dar um ar celestial. A textura do fundo, é scaneada de tramas de peças de tear manual. Muitos dos integrantes do Tebei trabalham com tear”, explica o produtor Pedro Rampazzo.

Já o volume Antologia Pastoril Profano está disponível nas lojas. “A capa do Antologia Pastoril Profano é totalmente em cima de um quadro de Bajado, um artista que produzia trabalhos de arte naïf para letreiros de cinema”, diz Pedro.

Arte da capa de Combat Samba, novo CD da Mundo Livre

Taí a capa do novo CD da Mundo Livre, Combat Samba. A arte é autoria do casal Jorge duPeixe e Valentina Trajano, responsáveis pelo visual de outros disquinhos pernambucanos.

Trata-se de uma coletânea com apenas uma canção inédita, produzida por Carlos Eduardo Miranda. A parceria remonta ao primeiro álbum do grupo, Samba Esquema Noise, de 1993.

O nome do disco é uma paródia de Combat Rock, clássico oitentista do grupo punk britânico The Clash, forte influência para Zeroquatro e companhia.

Para conhecer outras capas bacanas da recente safra made in Pernambuco, leia matéria minha na revista Continente Multicultural deste mês.

Tem arte na capa da banda Anjo Gabriel

Esta é a capa do CD da Anjo Gabriel (Ripohlândia Records).

Banda da nova safra do rock pernambucano. Na formação, Marco da Lata (baixo e voz), Cristiano (guitarra e voz), André Sette (teclados), Junior da Jarra (bateria e percussão) e Ch Malves (bateria e percussão).

A arte é baseada nos cartazes do antológico Filmore East Festival.

Para conehecero som do grupo, basta encomendar um disquinho pelo telefone (81) 8885-0632 ou escrever um email para marcodalata@hotmail.com

Tem arte na capa do CD da Orquestra Contemporânea de Olinda

Paulinho do Amparo aprontou mais uma. Desta vez é a arte da capa do CD de estréia da Orquestra Contemporâea de Olinda.

Paulinho é autor de alguns dos encartes mais bacanas da cidade. Tome como exemplo os trabalhos com a Mundo Livre, Shina-o-town, 3 Ets Records! e para o filme Baixio das Bestas, de Cláudio Assis.


CAPA PARA BEBADOGROOVE VOL 1. – MUNDO LIVRE

O álbum da Orquestra Contemporânea tem 11 faixas, e conta com a participação especial de Isaar de França, Maestro Ademir Araújo (da Orquestra Popular do Recife) e DJ Rossi Love.

O show de lançamento será no domingo, 27 de abril, no coreto da Praça do Carmo, em Olinda. Entrada franca.

Por enquanto, o disquinho será vendido somente duranto o show, ao preço de R$ 10. O motivo é que o grupo fechou contrato com a Som Livre, que fará a divulgação e distribuição nacionalmente.

Para uma prévia, basta acessar o MySpace da Orquestra, onde estão disponíveis seis das onze faixas do CD.

Parakuki – novo CD com arte de Paulinho do Amparo

Saindo do forno mais um CD com a capa assinada por Paulinho do Amparo. Parakuki é o primeiro projeto solo de Shina, ex-integrante de várias bandas pernambucanas durante os anos 90. Por enquanto, ele pode ser comprado a R$ 12 pelo email shinadabanca@hotmail.com, ou então na filial da loja Chilli Beans do Shopping Tacaruna (limite Recife/Olinda). Para os leitores deste blog, sai por R$ 10. É só se identificar na hora da compra.

Capas de discos ilustradas ou com histórias em quadrinhos são uma combinação certeira. Remontam aos álbuns de jazz desenhados por Gene Deitch nos anos 30 e 40. Do namoro do underground com o rock’n’roll, o caso mais representativo é a capa de Cheap Thrills, a banda de Janis Joplin, por Robert Crumb. No Brasil, Tubarões Voadores (1984), do meu conterrâneo Arrigo Barnabé, trouxe a alucinada arte de Luiz Gê para o universo da música. Mais recentemente, Aystelum, de Ed Mota, traz no encarte uma história de detetive, arte da talentosa Edna Lopes, esposa de Motta e autora da poética HQ Amana ao Deus Dará.

Em Pernambuco, Paulinho do Amparo vem experimentando não só a linguagem dos quadrinhos em capas de CDs, mas o próprio formato e matéria prima desse produto. Os CDs de seu selo, 3 ETs Records!, são encartados em envelopes de papelão serigrafados e dobrados. O resultado, rústico e artesanal, faz seu trabalho ser como uma marca própria, reconhecida à distância. O que fez da cantora Isaar de França (CD Azul Claro), do grupos Mundo Livre (Bêbadogroove) e Orquestra Contemporânea de Olinda, e do cineasta Cláudio Assis (Baixio das Bestas) entrarem no rol dos clientes de Paulinho.

O encarte abaixo é do CD A Misteriosa Luz Negra, dos 3 ETs. Clique para ampliar.

Pra quem quiser saber mais sobre o CD de Shina, publico abaixo o texto de apresentação que escrevi para ele Parakuki:

Shina-o-town – Parakuki

“Papai, toma parakuki”, disse o menino Ian, do alto dos três anos de idade. Ele segurava entre os dedos o pequeno, aliás, invisível, parakuki. O pai, codinome Shina-o-town, abriu a boca e fez que comeu. Sorriso nos lábios do garoto. Mal sabia que sua fantasia infantil renderia mais do que este momento em famíla: parakuki virou CD.

O projeto Parakuki é uma viagem com beats eletrônicos, funk, hip hop, ragga e afoxé. É também o primeiro vôo solo de Shina, “Shina com S, você jamais esquece”, brinca o cantor, compositor e percussionista, para se diferenciar do quase-xará, vocalista do grupo Del Rey: a pronúncia é a mesma; o conteúdo, um tanto diferente.

As bases misturam samplers e os inconfundíveis sons low-fi produzidos no estúdio 3 ETs Records!, do olindense Paulo do Amparo. Um amigo “desde a idade da pedra lascada”, Paulinho não está no projeto por acaso. Para Shina ele é uma espécie de guru. Se conheceram antes mesmo dos longínquos 1990, quando tocaram na Massa Encefálica, a banda punk hardcore que tinha na formação Hugo Carranca (ex-Bonsucesso e atual Guardaloop) e Davi Ratz-Azary na formação.

Letra e voz são matéria prima pra qualquer MC, e é onde reside a força criativa de Shina. Crescido em São José, bairro de tradicional blocos carnavalescos, ele faz questão de informar que, por volta dos dez anos, era tricampeão de frevo, e que desde cedo aterrorizava na capoeira. Passado que se reflete nas letras de Parakuki, assim como a crítica ao racismo, o registro do cotidiano dos camelôs e os recentes ataques de tubarão na praia de Del Chifre, onde costumava pegar onda na adolescência.

Parakuki é um novo “marco zero” na carreira de quem já tocou na Sô Severino (com Tânia Cristal) e Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis; gravou dois CDs com Girimum e seus Machiches, banda em que também compôs e cantou, de 1993 a 2004; teve passagem por dois Abril Pro Rock (1996 e 1997, na jam session em homenagem a Chico Science, com Max Cavalera, Otto, Nação Zumbi e O Rappa), dois PE No Rock (1997 e 2004) e pelo Festival de Inverno de Garanhuns (1996), quando Jorge Cabeleira abriu para Alceu Valença.

Se essa história fosse uma roda de capoeira, Shina arriscou levar rasteira, esquivou, ensaiou o rabo-de-arraia, saiu na bananeira e deu a volta ao mundo, pra começar tudo de novo.

Tome Parakuki você também!

André Dib