A letra e a voz // Festival recifense valoriza o debate

A autora best-seller Martha Medeiros é uma das atrações de hoje do 7º Festival Recifense de Literatura – a letra e a voz. A escritora gaúcha, autora de Divã, visita a cidade pela primeira vez e encontra o público às 19h, no auditório da Livraria Cultura (Bairro do Recife). A mediação será feita pelo jornalista Schneider Carpeggiani.

Em conversa por telefone, Martha adianta que não vai trabalhar pontos específicos de sua obra, mas, de forma descontraída, promover um bate papo informal, “dar uma geral na carreira” que começou pela poesia, estabeleceu-se em crônicas publicada nos jornais Zero Hora e O Globo, e que culminou no formato romance. Aos leitores do Diario, ela antecipa que seu próximo livro será um monólogo feminino. Mas as semelhanças com Divã param por aí.

Durante a tarde, o auditório da Livraria Cultura recebe três outros convidados. A começar por Raimundo Carrero, que às 14h oferece oficina literária. Dando continuidade ao seminário O livro desmaterializado, às 16h, haverá o debate Autoria coletiva e o direito autoral. Para desenvolver o tema, foram convocados o advogado especializado Caio Mariano e a escritora pernambucana Cida Pedrosa. Na mediação, o jornalista André Dib (do Diario). Às 17h, no mesmo local, o artista gráfico Diogo Todé, a editora Elaine Ramos (Cosac Naify) e a arte-educadora Nicole Cosh discutem sobre Criação e distribuição do novo produto.

Bibliotecas – Pela manhã, o seminário Bibliotecas: liberdade, igualdade, fraternidade prossegue com atividades a partir das 8h, no auditório do Senai (Avenida Norte, 539, Santo Amaro), e com a projeção do filme Bibliotecas de rua em Nantes, apresentado por Jeanne Vilbert. Às 9h, Agnès Marcetteau fala sobre a rede de mediatecas e bibliotecas municipais de Nantes, município francês que mantém intercÂmbio cultural com o Recife. Às 10h, EsterCalland Rosa (da UFPE) e Ana Escurra (da ONG Bagulhadores do Mió) debatem o tema bibliotecas escolares. À tarde, a Biblioteca de Afogados (Rua Jacira s/n – Fone: 3232-2484) abre as portas para os encontros Mergulho na vida de uma biblioteca, Bibliotecas públicas: o desafio diário da sobrevivência e para o recital Casa Amarela e Afogados em poesia. Às 17h, será lançada a coletânea Ladjane Bandeira de Poesia, com tarde de autógrafos.

(Diario de Pernambuco, 18/08/09)

Por um mundo de livros

Em uma das paredes da Biblioteca Popular do Coque repousa a seguinte inscrição: “Não somos um número. Não sou condenado a ser quem você quer/ mentir pra mim mesmo/ me deixar trair”.

Palavras que podem ser consideradas o grito de independência não só dos frequentadores do local, como os de projetos semelhantes, geralmente concretizados por iniciativa dos próprios moradores. Amanhã, representantes destas bibliotecas realizam uma série de atividades dentro do seminário Bibliotecas: liberdade, igualdade, fraternidade, eixo principal do 7º Festival Recifense de Literatura: A letra e a voz.

A programação começa às 15h, na comunidade de Caranguejo Tabaiares, Ilha do Retiro, e inclui oficinas, palestras e apresentação da rede formada por dez bibliotecas comunitárias da Região Metropolitana do Recife. “Estamos montando um mapa e queremos identificar novos espaços”, diz Gabriel de Santana, coordenador da rede e da Biblioteca Multicultural Nascedouro, em Peixinhos. “Quanto mais integrantes, maior nossa visibilidade e força para participar da gestão das políticas de leitura”.

O objetivo maior, no entanto, é propor, em aliança com o Fórum Pernambucano de Defesa do Livro e da Leitura, a criação de uma lei municipal que regule e garanta proteção a atividades do gênero, que será apresentada em sua versão definitiva na próxima quinta-feira, às 8h, no auditório do Senai. Entre os convidados estão as secretarias municipais e estaduais de educação e José Castilho, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL. A última oportunidade de propor alterações será na reunião de amanhã.

O ponto de encontro será o Centro Social de Caranguejo-Tabaiares, perto da sede do Sebrae. De lá, o público pode participar de oficinas de contação de histórias, catalogação e confecção de livros. Às 16h30, no auditório do Sebrae, haverá a apresentação da rede e seu mapa de sustentabilidade social, cultural e econômica. “Hoje as bibliotecas vinculadas à rede mobilizam um acervo de 15 mil livros”, diz Gabriel. “Queremos fazer um cruzamento de nossas atividades com os objetivos do PNLL e saber até que ponto deixamos o campo da caridade para assumir o papel de gestores coletivos dessas políticas públicas”.

O encontro também será uma oportunidade para trocar informações e soluções para dificuldades gerais e específicas de cada comunidade. O primeiro foi em 2007 e reuniu quatro bibliotecas. “Visualizamos possibilidades que hoje estão acontecendo”, diz Izamar Martins, que coordena a Biblioteca do Cepoma, em Brasília Teimosa. “É um espaço aconchegante, mas com dificuldade de acesso por conta das escadas. Pessoas com deficiência física não podem chegar lá. Por isso, adotamos a mala de leitura, feita de papelão reciclado. As crianças podem escolher de 15 a 20 livros e levar para casa por uma a duas semanas. Através dessas leituras, elas conhecem novos lugares, vidas, realidades e olhares”.

Com um acervo de 4,5 mil livros e frequência de cerca de 40 crianças/dia, a Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares também tem seus problemas – espaço é o principal. “Precisamos de parceiros, engenheiros ou construtores, para transferir a biblioteca para o primeiro andar da sede do grupo de idosos”, diz a fundadora do projeto, Cleonice da Silva. “A relação institucional é importante, mas procuramos reforçar uma rede de amigos individuais, que possam fazer doações ou trabalhar conosco na formação e divulgação das atividades”, diz o coordenador Reginaldo Pereira.

No Coque, mais um local estigmatizado pela violência, crianças aprendem a confeccionar livros que contam a própria história. “Descobri que mesmo os que vão para a escola não conseguem o fundamental, que é aprender a ler. Então começamos a trabalhar alfabetização, que para mim é o primeiro passo para qualquer conquista”, diz Maria Betânia do Nascimento, que conseguiu montar um acervo de 3,5 mil livros, mas depende da doação de material didático (papel, cola, lápis e borracha) para continuar seu trabalho.

O voluntário francês Benoit Pirroneau, que acompanha a biblioteca de Caranguejo Tabaiares e seu processo de organização em rede, observa no local os princípios da economia solidária. “De que outra maneira ela consegue se sustentar, se não tem nada para vender?”, pergunta. Para ele, a leitura crítica do PNLL e a possibilidade da rede participar da elaboração de políticas públicas municipais é um movimento que precisa ser melhor valorizado. “Ele fecha o ciclo a partir dos atores locais, que se entendem mais como protagonistas do que beneficiários. Na prática, trata-se de municipalizar o que já existe como iniciativa da sociedade civil”.

Serviço
Biblioteca Popular do Coque: 8830-3642
Biblioteca Multicultural Nascedouro (Peixinhos): 3244-3325
Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares: 3445-8098
Biblioteca do CEPOMA (Brasília Teimosa): 3326-6509
Livroteca Brincantes do Pina: 3465-1679
Solar do Ler – Centro Luiz Freire (Olinda): 3301-5241

(Diario de Pernambuco, 16/08/09)

Recitata leva poesia ao Pátio de São Pedro

A competição de performances poéticas Recitata começa hoje, às 19h, no Pátio de São Pedro (bairro de São José).

A quarta edição do evento é uma prévia do 7º Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz, que será aberto oficialmente no próximo domingo. Este ano, 92 poetas participam da disputa em três dias de evento.

Hoje e amanhã haverá eliminatórias. A finalíssima será na sexta-feira. O prêmio para o primeiro colocado no voto do júri oficial e popular – formado na hora entre o público – é de R$ 1,4 mil. O segundo lugar ganha R$ 1 mil e o terceiro, R$ 600 mil. Os participantes podem se apresentar sozinhos ou em dupla, com tempo de 3 e 5 minutos para as apresentações, respectivamente.

Mesmo com pouco tempo de vida, a Recitata tem mobilizado poetas, performers e admiradores da declamação. “A oralidade e a performance poética remontam à tradição da literatura de cordel”, diz Heloísa Arcoverde, gerente de literatura e editoração da Fundação de Cultura do Recife, organizadora do evento. “Nos inspiramos noSlam, que vi na França e vem dos EUA, torneio em que o público escolhe seus poetas”.

O evento migrou da Rua da Moeda, no Bairro do Recife, para o Pátio de São Pedro, e será realizado uma semana antes do festival. “Atendemos o pedido dos próprios poetas”, diz Arcoverde. “As pessoas não conseguiam participar das duas atividades. Além disso, o palco da finalíssima era muito grande e intimidava os participantes”. Todas as apresentações são abertas ao público.

(Diario de Pernambuco, 12/08/09)

Festival Recifense de Literatura terá mesa redonda sobre quadrinhos e literatura

Domínio Público: um bom exemplo de literatura em quadrinhos

O 5º Festival Recifense de Literatura incluiu na programação desta edição a mesa redonda “Quadrinização do Texto Literário“. Ela está marcada para o dia 17 de agosto, às 19h, no auditório da Livraria Cultura (Paço Alfândega – Recife Antigo).

Participam do evento os artistas Mascaro e João Lin , que ao lado do jornalista Mário Hélio, formam o núcleo editor do projeto de literatura em quadrinhos Domínio Público, e Ester Calland Rosa, Diretora Geral de Ensino e Formação Docente da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Recife.