Concurso Rucker Vieira apresenta as crias


Cena de Aeroporto, de Marcelo Pedroso

Com o fim do governo Lula batendo à porta, o lançamento da sétima edição do Concurso Rucker Vieira ganhou status de balanço de gestão. Criado em 2003 e aperfeiçoado nos anos seguintes, o último edital atraiu 85 projetos de todas as regiões do Brasil, um recorde em sua história. Para comemorar, a Massangana Multimídia, produtora audivisual da Fundação Joaquim Nabuco e responsável pelo concurso, reuniu os nove curtas realizados nesse período no DVD Coleção Rucker Vieira Vol. 1, que será lançado hoje, às 16h, no Cinema da Fundação (Derby).

O evento inclui a estreia dos documentários Aeroporto (PE), de Marcelo Pedroso, e Minha vida não é um romance (RS), de Tatiana Sager e André Martinez, selecionados em 2009, além do anúncio dos novos roteiros contemplados com R$ 80 mil cada.

Diretor de KFZ-1348 (2008), Pedroso constroi Aeroporto a partir de fotografias e relatos de viagem, uma apropriaçãode imagens alheias já encontrado em Pacific (2009). O resultado, no entanto, é completamente outro. Primeiro, pela leveza e poesia resultante da montagem de André Antônio, sincronizada ao som de Rafael Travassos e à trilha sonora de Carlos Montenegro e Cláudio N. Depois, porque Pedroso investe em um novo conceito. “Quis ocultar alguns processos propositadamente, fazer um filme aberto, que pode ser uma grande fabulação. A criação de regras para se relacionar com o real pode restringir o sentido dos filmes. Acho que estamos vivendo um momento do documentário brasileiro em que os dispositivos não precisam mais serem explicitados”.

A utilização de fotos e vídeos é a forma do diretor adentrar na subjetividade das pessoas e ao mesmo tempo se confrontar com o que há de inesperado na realidade – e recriá-lo na mesa de edição. “Busco por formas de se relacionar com o outro. Como a produção de imagens já faz parte da vivência das pessoas, através desse material posso chegar ao seu imaginário de outra forma que não a entrevista”. A estratégia, no entanto, deve ficar por aqui. Em seus próximos filmes, Pedroso inicia nova investigação de linguagem. No domingo, ele começa a rodar um curta de ficção ainda sem nome, aprovado pela Petrobras, e ano que vem o doc Câmara escura, via edital Ary Severo.


Curta gaúcho Minha vida não é um romance, de Tatiana Sager e André Martinez

Produzido pela Panda Filmes, Minha vida não é um romance apresenta Janete Oliveira Silva, 51 anos, mãe de quatro filhos, atriz de teatro e prostituta aposentada. A personalidade expansiva, mais o fato de ser fundadora do Núcleo de Estudos da Prostituição no RS, militância na qual chegou a se candidatar a vereadora em Porto Alegre, despertou em Tatiana a vontade de realizar o filme. “Ela tem histórias marcantes, de mulher batalhadora, que passou por situações como o assassinato do pai, as desavenças com a mãe, o envolvimento com política estudantil e com o meio cultural dos anos 1980, que era muito forte no Rio Grande do Sul”, diz a realizadora, que tem planos para estender o projeto em longa-metragem. “Ele está bem resolvido no formato curta, mas ainda temos muito material sobre o assunto”.

Filmes que integram o DVD
Recife 3X4, de Janaina Freire
Gangarras do Bandeira, de Cátia Oliveira
Quando a maré encher, de Oscar Malta
Árvore sagrada, de Cléa Lúcia
O artesão dos sonhos, de Paulo Hermida
Verde terra prometida, de Cláudia Kahwage
Vigias, de Marcelo Lordello
Janela Molhada, de Marcos Enrique Lopes
As aventuras de Paulo Bruscky, de Gabriel Mascaro

(Diario de Pernambuco, 25/09/10)

Mestre Vitalino também foi criança

Um livro ilustrado com memórias de infância de Mestre Vitalino será lançado em breve pela Fundação Joaquim Nabuco. Voltado para as crianças, mas longe de se restringir a essa faixa de leitores, Vitalino menino tem 40 páginas e deve ser lançado em maio. Ele faz parte de uma nova coleção concebida pelo Museu do Homem do Nordeste intitulada Brincadeiras de Mestres, que adapta para o formato a infância de artistas da cultura popular. Os próximos serão sobre Patativa do Assaré e Mestre Bimba, criador da capoeira regional.

João Lin, que ilustra o volume de estreia, explica que a infância de Vitalino está representada a partir de suas peças de barro mais emblemáticas. Em páginas duplas, episódios de sua vida são contados de forma não linear, diferente das biografias tradicionais. “A peça do Gato Maracajá, a primeira que Vitalino teve consciência de que podia criar e comercializar, ele fez pensando nas caçadas que o pai fazia”.

Parte das passagens foram baseadas em relatos e depoimentos do próprio Vitalino ou de pesquisas sobre ele, encontrados em arquivos de texto, áudio e vídeo disponíveis no acervo da Fundaj. As demais, foram criadas a partir da livre interpretação de Lin, ao lado do designer Rodrigo Sushi e do poeta Valter Ramos, responsável pelo texto final, de acento popular. “Não encontramos nenhuma história sobre a peça do Batismo, disponível na Fundaj. Então inventamos uma, em que ele é o batizado”, diz Lin, que teve como assistente para as ilustrações o desenhista Rafael Anderson. O livro, que tem tiragem de 3 mil cópias, deve ser comercializado a R$ 10.

Vânia Brainer, coordenadora geral do Museu do Homem do Nordeste, diz que o projeto conseguiu definir uma unidade entre o traço de João Lin e a forma dos bonecos de Vitalino. “Ficou tão interessante que até os adultos estão encantados”. O know-how de Lin, que em 2009 assinou os cinco primeiros volumes da série Pequenos craques (Editora Callis) reforçou o interesse da instituição em dar o pontapé inicial do novo projeto convidando o desenhista.

“Entre outros, contei a infância de Garrincha e João do Pulo, do momento do nascimento à adolescência. Só que de forma mais cronológica. Com Vitalino, tive mais liberdade para fragmentar a narrativa e fantasiar a partir do desenho das peças. Penso nas histórias como uma grande tela, que traz uma ilustração ou narrativa de quadrinhos”, diz Lin, que em outro episódio utiliza da mistura dos dois gêneros das artes gráficas para contar a história do Lobisomem a partir de imagens oníricas da noite de lua cheia. Ele também adianta que Vitalino menino pode render produtos derivados, como um desenho animado.

(Diario de Pernambuco, 04/04/2010)

"Budapeste", de Walter Carvalho, tem sessão na Fundaj

O diretor e fotógrafo Walter Carvalho cancelou sua vinda ao Recife, onde participaria do Cine Design 2009 com uma palestra e debate após a exibição de seu último longa, Budapeste. Mesmo com a ausência do autor, a produção do evento confirma a sessão de hoje, às 16h, no Cinema da Fundação (Derby). A entrada custa R$ 1.

Com participação especial de Chico Buarque, autor do livro adaptado por Carvalho, o filme acompanha a história de José Costa (Leonardo Medeiros), um ghost-writer brasileiro em crise. Após participar de um congresso da categoria em Istambul, problemas com a conexão aérea o forçam a passar uma noite em Budapeste.

Persépolis em pré-estréia na Fundaj: saiba os horários

Persepolis (EUA/ Fra., 2007. 95 min.), de Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi continua em pré-estréia no Recife, esta semana em três sessões com projeção digital, no Cinema da Fundação (Rua Henrique Dias, 609, Derby): nesta sexta e sábado, às 20h40, e domingo às 18h.

Com vozes de Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni, a animação baseada nos quadrinhos (autobiográficos) de Marjane Satrapi conta a história de jovem iraniana muito precoce e sincera. Durante a Revolução Islâmica, ela começa a descobrir que está chegando à maturidade e deve lidar com mais responsabilidade – não só de seus atos, mas no modo de pensar.

Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2007. Indicado ao Oscar 2008 de melhor animação.

Persépolis em pré-estréia no Cinema da Fundação

Neste sábado (16), às 20h40, o Cinema da Fundação promoverá a pré-estréia de Persépolis (França, 2007), versão animada para a HQ autobiográfica da iraniana Marjane Satrapi. A sessão, que só não é imperdível porque o desenho entra em cartaz na próxima semana.

Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2007, e indicado ao Oscar 2008 de melhor animação, o filme conta em 95 minutos como Satrapi amargou a “revolução” islâmica, que em 1979 colocou o Aiatolá Khomeini no poder do Irã, a antiga Pérsia.

Persépolis é uma das melhores histórias em quadrinhos já feitas. Revirando suas memórias afetivas, Sartrapi traz o leitor para perto de uma realidade coletiva de conflitos ideológicos e sociais, geralmente trazidos de forma impessoal no noticiário internacional. Precocemente arrancada da infância, de longas conversas com Deus sobre seu incomum destino de profeta, Satrapi passa a encarar as tragédias de um governo em guerra contra seu povo.


O livro, item de biblioteca básica dos quadrinhos, foi anteriormente publicado pela Companhia das Letras em quatro edições. Fim do ano passado, ganhou novo tratamento em volume único, tão atraente quanto os primeiros, só que mais acessível aos bolsos da maioria.

Vem aí… Jornada de Cinema Silencioso em Recife

Entre 19 e 22 de novembro, a Fundação Joaquim Nabuco traz para Recife a I Jornada do Cinema Silencioso, evento realizado em São Paulo pela Cinemateca Brasileira em agosto deste ano, e que reuniu verdadeiras preciosidades da cinematografia nacional.

Fazem parte da programação os filmes do Ciclo do Recife (1923-1931), período em que a cidade foi um dos maiores pólos de produção do cinema nacional. “Aitaré da Praia” (Gentil Roiz), “A Filha do Advogado” (Jota Soares), “Veneza Americana” (Hugo Farangola) e “Jurando Vingar” (Ary Severo), são produções que integram a jornada.

O objetivo maior do evento é o diálogo do passado com o presente, mostrando, entre outras coisas, como as novas tecnologias de restauro podem ajudar a voltar ao passado e reinterpreta-lo.

A Jornada tem ainda o compromisso de incitar o diálogo da cinema com a música popular e erudita e com a atual produção audiovisual. O encontro espera promover discussão tanto para quem trabalha na área de restauração quanto para quem aprecia a estética cinematográfica.

Além da exibição de obras raras, o evento conta com três mesas de debate (“Ciclo do Recife”; “Preservação de acervos cinematográficos”; e “Cinema Pernambucano Contemporâneo”). Por ocasião da abertura do evento, será lançado o livro “Relembrando o Cinema Pernambucano”, de Paulo Cunha.

Veja abaixo programação completa:

Segunda, 19 novembro
TEATRO DE SANTA ISABEL

20h – Abertura
A Filha do Advogado (92 min) – Exibição em DVCam
Trilha sonora – pianista Marco Caneca

Lançamento do livro Relembrando o Cinema Pernambucano, de Paulo Cunha

21h30 – Coquetel

Terça, 20 novembro
CINEMA DA FUNDAÇÃO

19h30 – Aitaré da Praia (62 min, 35mm)
Trilha sonora – Muniz do Arrasta-pé e Naércio do Acordeon, com a direção do compositor Lívio Tragtenberg, criador da Orquestra das Ruas de São Paulo

Coffee-break

20h30 – mesa-redonda – Ciclo do Recife – Homenagem ao cineasta Fernando Spencer

Coordenação: Rita de Cássia Araújo, diretora de Documentação da Fundaj

Debatedores: Alexandre Figueirôa (professor e pesquisador da Universidade Católica de Pernambuco), Luciana Corrêa de Araújo (professora e pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos), Paulo Cunha (professor da Universidade Federal de Pernambuco), Fernando Spencer (cineasta)

Quarta, 21 novembro
CINEMA DA FUNDAÇÃO

19h30 – Grandezas de Pernambuco (30min, 35mm); Recife no Centenário da Confederação do Equador (10 min, 35mm),
Trilha sonora – André Freitas

Coffee-break

20h30 – mesa-redonda – Preservação de acervos cinematográficos

Coordenador: André Gil (técnico em conservação da Fundaj)

Debatedores: Carlos Roberto de Souza (coordenador da Jornada Brasileira de Cinema Silencioso), Patrícia De Filippi (coordenadora do Laboratório de Restauração da Cinemateca Brasileira) e Lula Cardoso Ayres Filho (diretor do Instituto Cultural Lula Cardoso Ayres)

Quinta, 22 novembro
CINEMA DA FUNDAÇÃO

18h30 – Jurando Vingar (52 min, 35mm)
Trilha sonora – Loop B e Pedro Osmar

Veneza Americana (61min, 35mm)
Trilha sonora – Alex Mono e Pi.R

Coffee-break

20h30 – debate – Cinema Pernambucano Contemporâneo

Coordenador: Kleber Mendonça e/ou Luiz Joaquim

Debatedores: Luis Antônio Carrilho (Cineasta e representante da ABD – PE) e João Vieira Jr (Produtor da REC Produtores Associados, a confirmar), Paulo Caldas (Cineasta), Germano Coelho Filho (Produtor da Carcará Filmes, a confirmar).

CINEMA da FUNDAÇÃO – programação da semana

CENA DE “OPENING NIGHT“, DE JOHN CASSAVETTES

CINEMA da FUNDAÇÃO (Recife)
Rua: Henrique Dias, 609, Derby
cinema@fundaj.gov.br
Ingressos: R$ 6,00 (inteira) – R$ 3,00 – (acima de 60 anos/estudantes)

O Cinema da Fundação estará fechado nesta Sexta, Sábado e Domingo.

O motivo é um trabalho de manutenção que será realizado no prédio da Fundação Joaquim Nabuco. As projeções serão retomadas na terça-feira, dia 21 de agosto.

Pré-Estréia

OPENING NIGHT/”Noite de Estréia”(1978, EUA). Um flme de John Cassavetes. Gena Rowlands, Ben Gazarra, John Cassavetes. Depois de “Uma Mulher Sob Influência”, este é o segundo título de John Cassavetes trazido para o Cinema da Fundação no relançamento da sua obra. “Noite de Estréia” é mais um exemplar instigante da força de Cassavetes e um dos filmes preferidos de Pedro Alomodóvar, por ele homenageado em “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999). Numa noite chuvosa, na saída dos bastidores, Myrtle (Rowlands), atriz e estrela do teatro, vê um retrato de quem ela foi numa jovem fã à procura de um autógrafo seu. Ela encara seu primeiro papel de mulher mais velha e a possibilidade de sucesso pode significar que Myrtle está envelhecendo, perdendo a beleza que sempre teve. Uma reflexão sobre o envelhecimento e sobre ser bela, “Noite de Estréia” também revela-se um filme fascinante sobre o palco e o teatro visto pelo cinema pessoal de Cassavetes. Filmes do Estação / Mono / Tela Plana / 12 anos / 140 mins

Quarta, dia 22, às 20h

3a. Semana
FORA DO JOGO. (Offside, Irã, 2006). De Jafar Panahi. Com Sima Mobarak Shahi, Safar Samandr e Shayesteh Irani. Depois das exibições na programação especial do Cinema da Fundação no Festival de Inverno de Garanhuns, estréia no Recife Fora do Jogo. O diretor iraniano Jafar Panahi aborda um grupo de garotas que fazem de tudo para entrar no Azadi Stadium, em Teerã, para assistir a uma partida das eliminatórias da Copa do Mundo. No Irã, as mulheres são proibidas de freqüentar estádios. Um grupo de seis garotas, fanáticas por futebol, se disfarça e tenta driblar os seguranças para conquistar um lugar nas arquibancadas. Panahi dirigiu O Espelho (1997) e O Círculo (2000), ambos exibidos no Cinema da Fundação, e seus filmes geralmente são proibidos no seu próprio país (Fora do Jogo foi oficialmente banido). Os atores são todos amadores e o futebol é apenas um bilhete de entrada para o principal assunto tratado, a intolerância e a falta de liberdade. Vencedor do Urso de Prata – Festival de Berlim 2006. Pandora / 88 min / Dolby SR / Livre / Inédito.

Horários:
Terça – 16h10 – 20h45
Qua – 15h30
Qui – 16h10 – 18h

5ª e última semana

Uma Mulher Sob Influência(A Woman Under The Influence, EUA, 1974). De John Cassavetes. Com Peter Falk, Gena Rowlands, Matthew Cassel, Katherine Cassavetes, Lady Rowlands, Fred Draper. A distribuidora Estação está disponibilizando cópias restauradas de clássicos do mestre nova-iorquino John Cassavetes (1929-1989). Com uma vasta filmografia de difícil acesso no Brasil (seus filmes não foram lançados em DVD), o Cinema da Fundação traz ao Recife o primeiro de alguns que mostram a verve visceral do diretor e sua vocação para os temas urgentes da vida. Em “Uma Mulher sob Influência” Peter Falk é Nick, um trabalhador sobrecarregado e melancólico que tenta lidar com a instabilidade mental de sua esposa Mabel (Gena Rowlands). Ele luta para manter as aparências da normalidade em oposição ao comportamento desregrado de sua esposa. Mas Nick precisa agir quando os atos dela começam a afetar seus filhos. Indicado para o Oscar 75 de melhor direção e atriz (Rowlands). Globo de Ouro 75 de Melhor Atriz Drama para Rowlands. 155min. / Filmes do Estação / Mono / Tela Plana / Livre.

Horários:Ter– 18h
Qua – 17h15
Qui – 19h45

Cinema da Fundação – programação da semana

Programação de 10 a 16 de Agosto de 2007

Fora do Jogo” (2a. Semana)+“Fabricando Tom Zé” (3a. e última semana)+
Uma Mulher Sob Influência”+“Minha Viagem à Itália” (2001), de Martin Scorsese, ganha 2a. sessão.

Pré-Estréia – Domingo, às 18h
OPENING NIGHT/”Noite de Estréia” (1978, EUA). Filme de John Cassavetes. Gena Rowlands, Ben Gazarra, John Cassavetes. Depois de “Uma Mulher Sob Influência”, este é o segundo título de John Cassavetes trazido para o Cinema da Fundação no relançamento da sua obra. “Noite de Estréia” é mais um exemplar instigante da força de Cassavetes e um dos filmes preferidos de Pedro Alomodóvar, por ele homenageado em “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999). Numa noite chuvosa, na saída dos bastidores, Myrtle (Rowlands), atriz e estrela do teatro, vê um retrato de quem ela foi numa jovem fã à procura de um autógrafo seu. Ela encara seu primeiro papel de mulher mais velha e a possibilidade de sucesso pode significar que Myrtle está envelhecendo, perdendo a beleza que sempre teve. Uma reflexão sobre o envelhecimento e sobre ser bela, “Noite de Estréia” também revela-se um filme fascinante sobre o palco e o teatro visto pelo cinema pessoal de Cassavetes. Filmes do Estação / Mono / Tela Plana / 12 anos / 140 mins

2a. Semana
FORA DO JOGO (Offside, Irã, 2006). De Jafar Panahi. Com Sima Mobarak Shahi, Safar Samandar e Shayesteh Irani. Depois das exibições na programação especial do Cinema da Fundação no Festival de Inverno de Garanhuns, estréia no Recife Fora do Jogo. O diretor iraniano Jafar Panahi aborda um grupo de garotas que fazem de tudo para entrar no Azadi Stadium, em Teerã, para assistir a uma partida das eliminatórias da Copa do Mundo. No Irã, as mulheres são proibidas de freqüentar estádios. Um grupo de seis garotas, fanáticas por futebol, se disfarça e tenta driblar os seguranças para conquistar um lugar nas arquibancadas. Panahi dirigiu O Espelho (1997) e O Círculo (2000), ambos exibidos no Cinema da Fundação, e seus filmes geralmente são proibidos no seu próprio país (Fora do Jogo foi oficialmente banido). Os atores são todos amadores e o futebol é apenas um bilhete de entrada para o principal assunto tratado, a intolerância e a falta de liberdade. Vencedor do Urso de Prata – Festival de Berlim 2006. Pandora / 88 min / Dolby SR / Livre / Inédito

Horários:
Sexta: 17h10 / 19h / 20h45
Sábado: 19h / 20h40
Domingo – 16h30
Terça – 19h
Qua – 19h
Qui-19h

Sessão Especial Sábado, 14h30
ENTRADA FRANCA
Minha Viagem à Itália. Filme de Martin Scorsese. O Cinema da Fundação oferece mais uma oportunidade de ver a apaixonada declaração de amor ao cinema de Martin Scorsese num maravilhoso curso intensivo sobre o cinema italiano que tanto o influenciou. Com imagens e interpretações pessoais dos grandes mestres Vittorio de Sica, Roberto Rossellini, Federico Fellini, Luchino Visconti e Michelangelo Antonioni, cada um deles ganhando uma aula concisa. Scorsese lembra com especial paixão de O Eclipse (1962), de Antonioni, como “a obra que mais abriu minha cabeça para as possibilidades da linguagem cinematográfica”. Por causa da longa duração desta experiência rara, teremos intervalo de 15 minutos durante a projeção. Seleção Cannes 2001. Tela Plana / Mono / 12 anos / 240 mins.
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3a. Semana
FABRICANDO TOM ZÉ. De Décio Matos Jr. Com depoimentos de Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, David Byrne, Neusa Martins e outros. O documentário retrata a vida e obra de um dos mais controversos Tropicalistas, Tom Zé, 70 anos, cuja turnê pela Europa em 2005 é aqui o fio condutor. O filme mistura diferentes formatos de vídeo, película e animação para apresentar uma detalhada visão do universo musical de Tom Zé, para o qual um baixo e um esmeril têm a mesma importância melódica. Em entrevistas intimistas, ele narra diversas fases de sua vida e conta como começou sua carreira na década de 60, o ostracismo nos anos 70 e seu ressurgimento no início anos 90. http://www.fabricandotomze.com.br . Estação / Dolby SR / Inédito / Livre / 89 min.

Horários:
Domingo – 20h40
Ter – 20h45
Qua – 20h45
Qui – 20h45

4ª semana – Últimas Sessões
Uma Mulher Sob Influência (A Woman Under The Influence, EUA, 1974). De John Cassavetes. Com Peter Falk, Gena Rowlands, Matthew Cassel, Katherine Cassavetes, Lady Rowlands, Fred Draper. A distribuidora Estação está disponibilizando cópias restauradas de clássicos do mestre nova-iorquino John Cassavetes (1929-1989). Com uma vasta filmografia de difícil acesso no Brasil (seus filmes não foram lançados em DVD), o Cinema da Fundação traz ao Recife o primeiro de alguns que mostram a verve visceral do diretor e sua vocação para os temas urgentes da vida. Em “Uma Mulher sob Influência” Peter Falk é Nick, um trabalhador sobrecarregado e melancólico que tenta lidar com a instabilidade mental de sua esposa Mabel (Gena Rowlands). Ele luta para manter as aparências da normalidade em oposição ao comportamento desregrado de sua esposa. Mas Nick precisa agir quando os atos dela começam a afetar seus filhos. Indicado para o Oscar 75 de melhor direção e atriz (Rowlands). Globo de Ouro 75 de Melhor Atriz Drama para Rowlands. 155min. / Filmes do Estação / Mono / Tela Plana / Livre

Horários:Ter– 16h20
Qua – 16h20
Qui – 16h20

Cinema da Fundação: homenagem a Bergman e Antonioni + programação da semana

Nesta semana estréia no Cinema da Fundação o filme iraniano “Fora do Jogo”, em que um grupo de mulheres tenta entrar numa eliminatória para a Copa do Mundo na cidade de Teerã. O problema é que a lei do Irã proíbe mulheres em estádios de futebol. “Fabricando Tom Zé” entra na 2a. Semana, e “Uma Mulher Sob Influência” se despede com duas últimas sessões.

Em homenagem póstuma aos grandes diretores Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, a sala exibirá sessões especiais de “Infiel” (1999), filme de Liv Ullmann, com roteiro autobiográfico de Ingmar Bergman, e “Minha Viagem à Itália” (2001), de Martin Scorsese, documentário especial sobre os principais mestres do cinema italiano, com destaque para Antonioni.

CINEMA DA FUNDAÇÃO – Programação de 3 a 9 de Agosto de 2007

Estréia
FORA DO JOGO(Offside, Irã, 2006). De Jafar Panahi.
Com Sima Mobarak Shahi, Safar Samandar e Shayesteh Irani. Depois das exibições na programação especial do Cinema da Fundação no Festival de Inverno de Garanhuns, estréia no Recife Fora do Jogo. O diretor iraniano Jafar Panahi aborda um grupo de garotas que fazem de tudo para entrar no Azadi Stadium, em Teerã, para assistir a uma partida das eliminatórias da Copa do Mundo. No Irã, as mulheres são proibidas de freqüentar estádios. Um grupo de seis garotas, fanáticas por futebol, se disfarça e tenta driblar os seguranças para conquistar um lugar nas arquibancadas. Panahi dirigiu O Espelho (1997) e O Círculo (2000), ambos exibidos no Cinema da Fundação, e seus filmes geralmente são proibidos no seu próprio país (Fora do Jogo foi oficialmente banido). Os atores são todos amadores e o futebol é apenas um bilhete de entrada para o principal assunto tratado, a intolerância e a falta de liberdade. Vencedor do Urso de Prata – Festival de Berlim 2006. Pandora / 88 min / Dolby SR / Livre / Inédito

Horários:
Sexta: 18h45 / 20h30
Sábado: 20h40
Domingo – 18h / 19h50
Terça – 16h15 – 20h45
Qua – 18h
Qui-18h

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2 Sessões Especiais BERGMAN,
Sábado, 17h45, Quarta, 19h45

I n f i e l(Trölosa, Suécia, 1999). Um filme de Liv Ullman, com roteiro de Ingmar Bergman. O Cinema da Fundação promove projeção especial para marcar a morte de Ingmar Bergman, aos 89 anos, esta semana. Ao invés de homenagear o autor com obras suas já muito conhecidas como “Morangos Silvestres” ou “O Sétimo Selo”, fomos nos arquivos encontrar uma das suas últimas colaborações de Ingmar Bergman com Liv Ullmann, sua ex-mulher e colaboradora numa dezena de filmes. INFIEL (Trölosa, 1999) é tido como um dos melhores roteiros escritos por Bergman ao longo de toda a sua carreira e tem como base a sua própria relação de infidelidade com as mulheres que passaram pela sua vida, Ullmann incluída. Esta investigação perturbadora sobre o fim de uma relação vem sem sentimentalismos ou compromissos com a idéia de “aliviar” para o espectador, num ensaio forte em formato de terapia que condensa algumas das marcas principais do cineasta sueco. Ele próprio participa da narrativa através do personagem identificado como “Bergman”, aqui interpretado por Erland Josephson. Imperdível. O filme foi apresentado no Cinema da Fundação há cinco anos e fez parte da Seleção Cannes 2000. Tela Plana / Dolby SR / 16 anos / 154 mins.

Horários:
Sab – 17h45
Qua – 19h45

Sessão Especial ANTONIONI, Segunda-Feira, 18h
ENTRADA FRANCA para esta sessão
Minha Viagem à Itália. Um filme de Martin Scorsese. O Cinema da Fundação oferece rara oportunidade de ver na tela grande uma apaixonada declaração de amor ao cinema. O cineasta Martin Scorsese apresenta o que resulta num maravilhoso curso intensivo sobre o cinema italiano que tanto o influenciou, apresentando imagens e interpretações pessoais dos grandes mestres Vitorio de Sica, Roberto Rossellini, Federico Fellini, Luchino Visconti e Michelangelo Antonioni, cada um deles ganhando uma aula concisa, falecido esta semana. Scorsese lembra com especial paixão de O Eclipse (1962), de Antonioni, como “a obra que mais abriu minha cabeça para as possibilidades da linguagem cinematográfica”. Por causa da longa duração desta experiência rara, teremos intervalo de 15 minutos durante a projeção. Seleção Cannes 2001. Tela Plana / Mono / 12 anos / 240 mins.
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2a. Semana
FABRICANDO TOM ZÉ De Décio Matos Jr. Com depoimentos de Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, David Byrne, Neusa Martins e outros. O documentário retrata a vida e obra de um dos mais controversos Tropicalistas, Tom Zé, 70 anos, cuja turnê pela Europa em 2005 é aqui o fio condutor. O filme mistura diferentes formatos de vídeo, película e animação para apresentar uma detalhada visão do universo musical de Tom Zé, para o qual um baixo e um esmeril têm a mesma importância melódica. Em entrevistas intimistas, ele narra diversas fases de sua vida e conta como começou sua carreira na década de 60, o ostracismo nos anos 70 e seu ressurgimento no início anos 90. http://www.fabricandotomze.com.br Estação / Dolby SR / Inédito / Livre / 89 min.

Horários:
Sexta – 17h
Sábado – 16h
Domingo – 16h15
Qua – 16h10
Qui – 16h15

3ª semana
Uma Mulher Sob Influência (A Woman Under The Influence, EUA, 1974). De John Cassavetes. Com Peter Falk, Gena Rowlands, Matthew Cassel, Katherine Cassavetes, Lady Rowlands, Fred Draper. A distribuidora Estação está disponibilizando cópias restauradas de clássicos do mestre nova-iorquino John Cassavetes (1929-1989). Com uma vasta filmografia de difícil acesso no Brasil (seus filmes não foram lançados em DVD), o Cinema da Fundação traz ao Recife o primeiro de alguns que mostram a verve visceral do diretor e sua vocação para os temas urgentes da vida. Em “Uma Mulher sob Influência” Peter Falk é Nick, um trabalhador sobrecarregado e melancólico que tenta lidar com a instabilidade mental de sua esposa Mabel (Gena Rowlands). Ele luta para manter as aparências da normalidade em oposição ao comportamento desregrado de sua esposa. Mas Nick precisa agir quando os atos dela começam a afetar seus filhos. Indicado para o Oscar 75 de melhor direção e atriz (Rowlands). Globo de Ouro 75 de Melhor Atriz Drama para Rowlands. 155min. / Filmes do Estação / Mono / Tela Plana / Livre

Horários:
Terça – 18h
Qui – 19h45

O filme por trás do filme

Entre tantos eventos voltados para o cinema agendados até o fim do ano, um deles merece atenção redobrada: o 1º Festival do Making Of, marcado para os dias 27 a 29 de agosto, no Cinema Apolo (Recife Antigo).

Nos últimos anos, este metalinguístico produto vem ganhando mais importância, havendo eventos dedicados exclusivamente a eles em alguns lugares do mundo.

Making of“, anglicismo para “como foi feito”, é como se chama o filme que revela os bastidores de produções cinematográficas ou televisivas.

Quem trabalha no audiovisual já deve ter sentido que existe um filme por trás do filme. Durante essa busca, algumas vezes o making of extrapola do caráter meramente técnico para ganhar valor como obra artística/didática sobre o “fazer cinema”.

Para tratar do assunto, haverá palestras e oficinas com João Falcão, Flávia Lacerda, Kiko Goifman, Jorge Furtado, Nora Furtado, Lia Renha, João Viera Jr. e Cláudio Assis.

O festival é uma idéia e realização da empresa Mônadas Multimídia Produções.

Em breve, mais informações sobre a programação.

Tela Grande (em cartaz): "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavetes

Dos filmes em cartaz na Fundação (ver programação abaixo), assisti “Uma Mulher Sob Influência“, de John Cassavettes, e recomendo para quem gosta de um cinema intenso e não-convencional. Acima de tudo, o filme é um forte libelo em prol da antipsiquiatria, que na época (anos 70) se firmava como réplica da contracultura para o entendimento da loucura como construção social.

Rodado em 1974, o filme tem seqüências longas e sem cortes, quase inteiramente sustentado pela impressionante atuação de Peter Falk e Gena Rowlands, interpretando um casal em conflito provocado pelas excentricidades da esposa, e a consequente reação dos parentes e amigos.

O marido não se importa com o fato dela ser diferente do que se espera de uma mulher “normal”. Muito menos as crianças. Apesar disso, após descobrir que ela trouxe outro homem para a cama, concorda em submetê-la a um tratamento hospitalar à base de eletrochoque. Uma vez terminado o “tratamento”, a esposa volta recebida pelos parentes (e o médico da família), ansiosos por julgá-la apta ou não no excercício da moral e bons costumes. A mulher se esforça: diz para si “não se emocione demais” e pergunta ao marido se “está se saindo bem” na mesa de jantar.

O que fica evidente é que, sem o amor do marido e dos filhos, a mulher de Cassavettes estaria há muito tempo trancafiada na casa dos loucos. E não seria o destino de todos nós, sem a compreensão de quem amamos?

Tela Grande (em cartaz): "Esses Moços", de José Araripe Jr.

Esses Moços”, em cartaz no Cinema da Fundação, enfoca poeticamente a vida dos moradores de rua – para usar um termo tão bem intencionado e politicamente correto quanto é este primeiro longa do baiano José Araripe Jr. Um filme que, se não atingiu a plenitude de seus intentos, ao menos evitou o tom panfletário ongueiro, viés tão perigoso e alienado quanto a mentalidade classe média apavorada com a violência nos sinais de trânsito.

Nem uma coisa, nem outra. Araripe aposta no humanismo ao promover o encontro entre duas irmãs fugidas da zona rural baiana (Darlene e Daiane, interpretadas por Chaeind Santos e Flaviana Silva), e Diomedes (Inaldo Santana), um homem idoso e sem memória. Concebido com nuances do vagabundo de Charles Chaplin (mudo, magro, de terno, chapéu e óculos escuros), Diomedes logo é chamado de “vô” por Daiane, a irmã mais nova e carente de família.

As duas meninas compõem em si um rico núcleo para tratar dos problemas de cidades grandes e empobrecidas, cuja infância se perde entre sinais de trânsito, turismo sexual e grupos de extermínio. Darlene, com aproximadamente 12 anos, já se traumatizou o suficiente para ter seu coração endurecido e descrente. Ela explora sua irmã mais nova, a inocente Daiane, que apanha e se vê obrigada a pedir esmola nos cruzamentos de Salvador. Da tensão dramática entre as duas, fatos e conseqüências as levam pela cidade.

O ritmo dos acontecimentos e diálogos é lento, como se os personagens vivessem num mundo paralelo, próprio das crianças e idosos. Mais ainda, dos moradores da rua, alheios ao caos urbano que os cerca. Uma invisibilidade, aliás, de mão dupla. Que permite liberdade para ambos os lados, até se quebrar, em situações-limite. Um bom conceito que, fosse mais nítido, obteria melhores resultados.

Filmes relacionados: “Capitães de Areia”, “Pixote” e “Como Nascem os Anjos”.

Tela Grande (especial): Tintin e eu

A dica de hoje é assistir ao longa documentário “Tintin e eu” (Tintin et moi), produzido em 2004 pelo dinamarquês Anders Østergaard.

O filme-animação é baseado numa entrevista de quatro dias feita por Numa Sadoul com Hergé, o criador do personagem, em 1971, transformada em 1975 no livro “Tintin e Eu: conversando com Hergé“. O arquivo de som, nunca aproveitado na íntegra, está de volta com animações e imagens de arquivo nunca vistas.

Quando passou em São Paulo (em abril), dentro da programação do festival É Tudo Verdade, a sessão lotou rapidinho. Na etapa Recife, o filme será exibido hoje, às 19h, em sessão única no Cinema da Fundação (Rua Henrique Dias, 609, Derby. Telefones: 3073.6688, 3073.6689.

Edição recifense do Festival É tudo Verdade – programação completa

Documentário em Pauta 2007

É Tudo Verdadena Fundação Joaquim Nabuco (Derby)

04/06 segunda-feira
19h – Abertura: O Longo Amanhecer – Cinebiografia de Celso Furtado / José Mariani / 73min – vídeo com a presença do Diretor
Sessão seguida de Debate
Mesa: José Mariani, Marcos Costa Lima e Ricardo Santiago

05/06 terça-feira
17h – Lançamento dos livros: Introdução ao Documentário Brasileiro, O Cinema do Real e É Tudo Verdade Reflexões sobre a Cultura do Documentário de Amir Labaki
19h – Capistrano no Quilo / Firmino Holanda / 21min – vídeo
Elevado 3.5 / João Sodré, Maíra Bühler e Paulo Pastorelo / 75min – vídeo
Sessão seguida de bate-papo com Amir Labaki sobre documentário brasileiro.

06/06 quarta-feira
19h – Aruanda / Linduarte Noronha / 21 min – 35mm
O Cajueiro Nordestino / Linduarte Noronha / 22min – 35mm com a presença do diretor

07/06 quinta-feira
19h – Tintin e Eu / Anders Høgsbro Østergaard / 74min

08/06 sexta-feira
19h – Três Camaradas / Masja Novikova / 99min – vídeo

09/06 sábado
19hs O Escritório / Krzysztof Kieslowski / 5min – vídeo
Curriculum Vitae / Krzysztof Kieslowski / 29min – vídeo
Meu Kieslowski / Irina Volkova / 21min

10/06 domingo
19h – Manhã no Mar / Ines Thomsen / 83min – vídeo

Cinema da Fundação – programação da semana


Programação de 01 a 07 de junho de 2007

pré-estréia – domingo – 03 de junho – 15h50

AMANTES CONSTANTES“. De Philippe Garrel (EUA, 2005). Com Louis Garrel, Clotilde Hesmes, Julien Lucas, Eric Rulliat. Em 1969, um grupo de jovens dedica-se ao ópio, após ter vivido os acontecimentos de 1968. Um romance intenso nasce dentro deste grupo entre dois jovens de 20 anos que se conheceram durante a revolta. O cineasta Philippe Garrel investiga o passado revolucionário de 1968 e promove o elogio da rebeldia, do sonho e da liberdade. Prêmio de Direção e Fotografia no Festival de Veneza de 2005. César 2006 de melhor ator promissor (Louis Garrel). Prêmio da crítica do European Film Awards 2006. Eleito o melhor lançamento de 2006 pelo 1º concurso Jairo Ferreira, criado pelas revistas “Cinemaquanon”, “Cinética”, “Contracampo”, “Paisá” e “Teorema”. Inédito / 178 min. / 14 anos / Dolby SR / 35mm / P&B / Tela plana / Imovision
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estréia:
Esses Moços“. (Brasil, 2005). Um filme de José Araripe Jr.Com Inaldo Santana, Chaeind Santos, Flaviana Silva. Darlene e Daiane são duas meninas que fogem do interior para Salvador (BA). Lá encontram Diomedes, um idoso que desmemoriado, perdido nas ruas, sem saber quem é nem onde mora. Juntos, os três exploram a cidade, constituindo uma espécie de família informal em que Diomedes é capaz de conduzir as meninas para seu mundo, onde o afeto e a solidariedade têm espaço para existir. O diretor Araripe (do curta “Abrakadabra!”) promove, mais uma vez, uma fábula sobre os elos de afetividade entre o menor e maior abandonado na metrópole impiedosa. Projeção digital / Dolby Digital / 86 min. / Inédito / 14 anos / Tela plana.

Horário
sexta / sábado / domingo : 19h – 20h50
terça : 17h10
quarta : 17h10 / 20h50
quinta : 20h40

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4ª semana
BAIXIO DAS BESTAS“(Brasil, 2007). De Cláudio Assis. Com Fernando Teixeira, Mariah Teixeira, Caio Blat, Matheus Nachtergaele, Irandhir Santos, Marcélia Cartaxo, Dira Paes, Hermila Guedes e Magdale Alves. Premiado nos festivais de Brasília e Roterdã, “Baixio das Bestas” é o segundo longa metragem do cineasta pernambucano Cláudio Assis. Depois do urbano “Amarelo Manga”, ele filma agora a Zona da Mata pernambucana e o arcaico sistema de classes que parece sincronizado com o ciclo da cana. Num cinema abandonado de uma usina decadente, na paisagem canavieira, num posto de caminhoneiros ou na fossa em construção de uma casa, o filme de Assis apresenta crônica potente de uma realidade ao mesmo tempo local e universal, com foco particular na imagem brutalizada da mulher.
Tela Larga / 85 min. / Imovision / 18 anos / Inédito / 35mm / Dolby SR
Horário
sexta: 16h
sábado /quinta: 17h10

CINEMA da FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Promoção: Diretoria de Cultura – Rua: Henrique Dias, 609, Derby 3073.6688, 3073.6689, 3073.6712 e 3073.6651 -cinema@fundaj.gov.br – Ingressos: R$ 6,00 (inteira) – R$ 3,00 – (acima de 60 anos/estudantes)

Baixio das Bestas, o segundo longa de Cláudio Assis, estréia no Recife

Com fotografia de Walter Carvalho, música original de Pupillo (Nação Zumbi), e atuações de Fernando Teixeira, Mariah Teixeira, Caio Blat, Matheus Nachtergaele, Irandhir Santos, Marcélia Cartaxo, Dira Paes, Hermila Guedes e Magdale Alves, Baixio das Bestas estréia hoje no Cinema da Fundação.

Continuando seu tratado sobre o inferno humano, desta vez na Zona da Mata pernambucana, o segundo filme de Cláudio Assis (Amarelo Manga) tem despertado interesse geral em quem procura cinema visceral nesse Brasil varonil.

Horários:
sexta / sábado / domingo: 17h10 – 19h – 20h50
terça / quarta / quinta: 17h10 – 19h – 20h50

Lembrando que outra boa pedida, Cartola – música para os olhos, de Lìrio Ferreira e Hilton Lacerda, continua em cartaz, em horários especiais. A saber: terça e quinta, às 15h40.

Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, premiado ontem na França, pré-estreia no Cinema da Fundação

Será neste sábado (5), às 20h30, e domingo (6), às 18h40, as sessões avant-premiere do esperado Baixio das Bestas, o segundo longa do pernambucano Cláudio Assis. O filme estréia dia 11 de maio em São Paulo, Rio e Recife. Cartola – Música para os olhos, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, continua em cartaz esta semana, diariamente, às 17h, 18h40 e 20h30 (com exceção dos horários de Baixio).

Desde o ano passado, Baixio das Bestas vem acumulando prêmios por onde passa. Ele acaba de ser contemplado com o prêmio especial de melhor direção no 9º Festival de Cinema Brasileiro de Paris. A categoria foi criada após o júri assistir a película de Assis. Em fevereiro, ganhou o Tiger Award, o maior prêmio do Festival de Roterdã, e em novembro com seis prêmios no Festival de Brasília: melhor filme, atriz (Mariah Teixeira), ator coadjuvante (Irandhir Santos), atriz coadjuvante (Dira Paes), trilha sonora (Pupillo)e prêmio da crítica.

Abaixo, a reprodução do release da Fundaj:

Baixio das Bestas, de Cláudio Assis (Brasil, 2007). Com Fernando Teixeira, Mariah Teixeira, Caio Blat, Matheus Nachtergaele, Irandhir Santos, Marcélia Cartaxo, Dira Paes, Hermila Guedes e Magdale Alves. Premiado nos festivais de Brasília e Roterdã, Baixio das Bestas é o segundo longa metragem do cineasta pernambucano Cláudio Assis. Depois do urbano Amarelo Manga, ele filma agora a Zona da Mata pernambucana e o arcaico sistema de classes que parece sincronizado com o ciclo da cana. Num cinema abandonado de uma usina decadente, na paisagem canavieira, num posto de caminhoneiros ou na fossa em construção de uma casa, o filme de Assis apresenta crônica potente de uma realidade ao mesmo tempo local e universal, com foco particular na imagem brutalizada da mulher. Tela Larga / 85 mins. / Imovision / 18 anos / Inédito.

Novo projeto de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz em sessão única no Recife

Imperdível a sessão de “Carranca Acrílico Azul Piscina“, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, nesta quarta (02), às 20h, no Cinema da Fundação.

Inicialmente batizado “Sertão de Acrílico Azul Piscina”, este é um exercício de 26 minutos, considerado por Gomes “um ensaio poético sobre o Sertão”. Com passagem em alguns festivais do Brasil e exterior, o vídeo documenta cenas do sertão nordestino contemporâneo – figuras humanas, devoção religiosa, sol escaldante. Imagens captadas em em diferentes suportes, como o super 8, slides fotográficos e filme de 16mm.

É bom chegar com alguma antecedência, porque provavelmente as 197 cadeiras da sala serão poucas. Esta é uma versão experimental do filme, em desenvolvimento desde o ano 2000. Além de conferir esta versão prévia, o público terá a chance de participar de um papo com Marcelo Gomes, que retomou o projeto com Aïnouz este ano. A entrada é franca, pois a sessão está dentro da programação do Cine-PE. Senhas serão distribuídas na bilheteria, a partir 19h30.

Se você não pode assistir no Cinema da Fundação, há uma versão editada em 2003 de “Sertão de Acrílico” disponível em DVD, na coletânea “Brasil 3×4“, produzido pelo Rumos Itaú Cultural, programa que investiu no desenvolvimento do roteiro de Gomes e Aïnouz.

Abaixo, a sinopse enviada pela Fundaj:

Em 2000, Marcelo Gomes e Karin Aïnouz iniciaram um trajeto pelo Sertão observando como a tecnologia estava afetando uma cultura essencialmente vinculada a ancestralidade. A idéia era colocar essas informações num documentário afetivo e poético sobre esse paradoxal encontro. As pesquisas e a experiência ajudaram os cineastas a desenvolver outros projetos como “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “O Céu de Suely”, ficando o documentário “Carranca Acrílico de Azul Piscina” em segundo plano. Hoje a dupla retoma o projeto que passará por um novo tratamento ao longo de 2007 e se transformará num longa-metragem, recebendo outro nome e nova abordagem.

"Música para os Olhos": um filme à altura do poeta

Uma maravilha assistir a “Cartola – Música para os olhos” no Cinema da Fundação. Sala lotada, prazer compartilhado em silêncio, ou nem tanto: alguns cantaram baixinho as músicas do mestre. Enquanto esperava na fila, me veio a pergunta que fiz desde quando soube da produção, em 2004, enquanto Lírio Ferreira e Hilton Lacerda (também autores de “Baile Perfumado“) disseminaram delírio e poesia com “Árido Movie“: “um carioca não contaria com mais propriedade a vida de Angenor de Oliveira?”

A dúvida, estendida por três anos, acabou em poucos minutos. Fica claro que este não pretende ser “o” documentário sobre o sambista; será muito melhor aproveitado se entendido como “um” olhar que extrapola o personagem, aqui reconstruído de forma bem subjetiva, em imagens de arquivo, trechos de filmes nacionais, entrevistas para TV e rádio, e na fala dos amigos e familiares. A montagem é um grande mérito: hipertextual, caótica, imprevisível e entrecortada, aos poucos recria o contexto social, político e cultural do período vivido por Cartola (1908-1980).

Verbalmente, não há novidade – e nem precisa. A história de Cartola já está bem contada e recontada, da juventude boêmia para compositor e fundador da Mangueira, os anos de ostracismo, o resgate cult nos anos 60, a importância da família e a lamentada morte por câncer. Por outro lado, o material de arquivo informa mais do que a escrita pode revelar: os modos de falar, vestir e se expressar; os ambientes, as locações onde se deu boa parte da história do samba.

A abordagem é outro caso à parte. O bairro da Mangueira, por exemplo, chega através dos fios de eletricidade, as casas saindo do quadro, fora de foco. Os arcos da Lapa entram em cena pela sombra projetada nas ruas. O próprio Cartola se faz presente assim, sutil e enviezado.

Na primeira parte, ele surge aos poucos, em uma ou outra foto, com falas dispersas, um centro invisível em que giram os demais elementos. O uso de quadros dramáticos para preencher a falta de registro dos primeiros tempos lembra o excelente “The Soul of a Man“, onde Wim Wenders faz o mesmo para recuperar trechos da vida de Blind Willie Johnson. Blues, samba, música negra.

Música para os olhos” é também um diálogo com o cinema brasileiro. Nele, imagens do enterro de Cartola conversam com “Di“, de Glauber, proibido no Brasil pela família do pintor. Trechos de “Brás Cubas“, a adaptação de Julio Bressane para o clássico machadiano, clama pela liberdade de criação frente à importância de um ícone cultural do samba. Mário Reis arremessando discos no mar e cantando em estúdio foram pinçadas de “O Mandarim“, outro filme de Bressane aqui invocado, cujas cenas exibidas ao contrário com certeza inspiraram a sequência de imagens da ditadura militar.

Em meio a tantas referências e documentos antigos, surge um recado maior do que a importância de Cartola: a necessidade de cuidar melhor de nossa memória coletiva. Fitas VHS amassadas, películas deterioradas e depoimentos desmagnetizados são problemas que poderiam pesar contra a qualidade do filme, não fossem usados a seu favor. Solução bem conhecida do cinema periférico, acostumado a transformar limitação técnica em recurso de linguagem.

São essas infinitas citações, aspecto tão instigante aqui quanto a figura de Cartola, o elemento gerador de algumas críticas negativas. Isso porque, neste documentário, o cinema tem uma carga poética tão grande quanto àquela contida em Cartola. Equilíbrio mantido até os últimos quinze minutos, quando a montagem ágil e inteligente cede espaço para a exagerada e quase submissa reverência ao compositor. Um deslize que não tira o brilho deste filme atípico entre as recentes cine-biografias nacionais.

Por fim, é muito bom constatar que, em nenhum momento, a produção pode ser considerada “pernambucana”. Seu olhar não tem origem, é simplesmente “estrangeiro”. A despeito dos inevitáveis pernambucanismos e carioquismos, “Música para os olhos” é, antes de tudo, brasileiro.