Curso // Diálogos entre o cinema e a história

As relações entre Cinema e História é o foco do curso Luz, Câmera e História: Diálogos entre a sétima arte e a História, que começa hoje no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE. Até a próxima sexta-feira haverá uma série de filmes, palestras e debates promovidos pelo Diretório Acadêmico de História Francisco Julião.

A programação tem início hoje, às 13h, com a exibição de Para não esquecer Angola (2006), de Marcelo Luna. O diretor estará na sessão e participa do debate História, Cinema e Revolução, com Walteir Silva (coordenador do Núcleo Brasil – África da UFPE), Ricardito Lemos (doutorando em sociologia de Guiné-Bissau) e coordenação do cientista político Michel Zaidan Filho.

Amanhã haverá duas outras mesas: Movimentos cinematográficos em Pernambuco, com Letícia Rameh e Ricardo Maia Jr., às 14h; e O Cinema e a politização da arte, com o crítico de cinema Alexandre Figueirôa, às 16h15. A tarde de quarta será reservada à exibição paralela de filmes seguidos de debate. A programação inclui Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!, Alemanha 2003), com Michel Zaidan, Batismo de sangue (Brasil, 2007) com Maria do Socorro Abreu e Lima, Clube da luta (Fight Club, EUA, 1999), com Michel Gomes da Rocha, e Narradores de Javé (Brasil, 2003) com Isabel Cristina Martins Guillen, Ninotchka (Alemanha, 1939) com Suzana Cavani Rosas e Sexta-feira (Man Friday, EUA, 1957) com Ana Maria Barros dos Santos.

Na quinta-feira, às 14h, os professores Alberon de Lemos Gomes e Christine Rufino Dabat falam sobre cinema e ensino de história; às 16h15, o crítico Fernando Monteiro discorre sobre Cinema e Literatura. Encerrando o evento, na sexta-feira será exibido o filme Sommersby – O retorno de um estranho (EUA, 1993), de Jon Amiel, seguido da palestra A Montagem cinematográfica e a Narrativa histórica, com Michel Zaidan Filho. “Vou traçar paralelos entre a narrativa cinematográfica e o trabalho do historiador, que é uma forma de reinventar o passado”, diz Zaidan, que ofereceu sua consultoria para realização do evento e da escolha dos filmes, baseado na área de competência de cada professor.

A inscrição para o Luz, câmera e história custa R$ 5. O número de vagas é de 200 participantes. O credenciamento estará aberto de hoje até quarta-feira, entre 10h e 15h. Informações: 8870-3623.

(Diario de Pernambuco, 01/03/2010)

Memória da luta operária


Ilustração publicada em 1º de maio de 1915, no jornal A voz do trabalhador, da Confederação Operária Brasileira

Os primeiros registros de movimentos socialistas em Pernambuco remontam há mais de 160 anos. Essa história será contada hoje, às 14h, durante o evento Manifestações operárias e socialistas em Pernambuco – das origens aos anos 60. A programação inclui um amplo debate e exposição iconográfica. Aberto ao público, o evento é promovido pelo Núcleo de Estudos Eleitorais Partidários e da Democracia, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE.

As palestras contam com a presença de historiadores que produziram teses, livros e artigos sobre esses temas. “Vamos destacar a produção historiográfica da UFPE, mas haverá exposição de trabalhos de outros lugares do país”, diz o coordenador do NNEPD, professor Michel Zaidan Filho.

Ele explica que a gênese do movimento socialista no Estado surgiu no século 19, com a deflagração da Revolução Praieira, em 1848. Além do livro O socialismo (reeditado pela Paz e Terra), escrito pelo general Abreu e Lima (um dos ideólogos da revolta), há documentos da época, como a revista O Progresso (reeditado pela Cepe) e os jornais O Diario Novo e A Barca de São Pedro.

Já a exposição traz jornais, panfletos, brochuras, fotos e livros da época, inclusive de material ligado à imprensa operária. Uma das imagens, a mesma usada no material de divulgação do evento, foi publicada originalmente 1º de maio de 1915, no jornal A voz do trabalhador, da Confederação Operária Brasileira. “A figura do trabalhador se libertando dos grilhões, olhando pro sol da liberdade, marca o imaginário de uma época. É uma alegoria do que seria o avanço do homem trabalhador, a construção de uma nova sociedade”, interpreta Zaidan.

No entanto, o decorrer do século 20 guardaria para os movimentos operários pernambucanos certo número de conquistas (como as das lutas das Ligas Camponesas) e reveses (nos anos 30 Getúlio Vargas controlou os sindicatos). “A repressão política do regime militar perseguiu, prendeu e torturou, mas hoje a situação é outra, ossindicatos se reorganizaram. Como a situação política mudou, há organizações que são quase parte do governo, pois se tornaram uma espécie de gestores do dinheiro público voltado para as ações. Uma delas é a Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco), que agrega os sindicatos rurais”, conta Zaidan.

O ciclo de palestras terá participação de seis professores do NNEPD, e tratará dos seguintes temas: aspectos do movimento operário e sindical em Pernambuco (Antonio Rezende); panorama da década de 20, com foco na fundação do Partido Comunista Brasileiro e os pioneiros no Estado (Zaidan); trabalhadores e a Revolução de 30 em Pernambuco (Brasília Carlo Ferreira); manifestações operárias nas décadas de 30 e 40 (Nadja Brayner); o partido comunista na década de 60 (Flávio Brayner); e o sindicalismo rural em Pernambuco na década de 60 (Maria do Socorro Abreu).

Zaidan revela que o interesse do evento é apresentar as lutas que já existiram em Pernambuco. E apontar a atual crise de identidade nestas organizações. “Hoje elas estão amortecidas pelo atrelamento à política governamental. E o movimento só anda quando é de oposição”.

Serviço
Manifestações operárias e socialistas em Pernambuco
Quando: Hoje, às 14h
Onde: Auditório do Programa de Pós-graduação em Ciência Política (14º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE)
Informações e inscrições: 2126-7351
Entrada franca

*publicado no Diario de Pernambuco