O Papa Capim de João Lin

Piteco, Astronauta, Horácio, Jotalhão, o Louco. Das dezenas de personagens de Maurício de Souza, o Papa Capim talvez seja o menos lembrado. E foi justamente ele que o ilustrador pernambucano João Lin elegeu para homenagear o maior nome dos quadrinhos brasileiros. A HQ participa do projeto MSP + 50, a ser lançado em agosto, durante a Bienal do Livro de São Paulo.

Veja prévia dos trabalhos aqui.

Coordenado por Sidney Guzman, o livro trará histórias assinadas pelos maiores artistas gráficos do país, como Rafael Grampá, Allan Sieber, Marcatti, Caco Galhardo, Rafael Coutinho e André Kitagawa. Junto com o MSP 50, publicado em 2009 com participação de Angeli, Laerte, Lélis, Casal, Mascaro, Fábio Moon e Gabriel Bá, trata-se da mais completa homenagem a Maurício realizada pelos seus pares.

Maurício de Souza, 50 anos de carreira

Hoje fazem 50 anos que Maurício de Souza publicou sua primeira tira.

Foi no jornal Folha da Manhã, atual Folha de São Paulo, em 18 de julho de 1959.

Ele trabalhava na redação, como repórter policial.

Até que assumiu sua verdadeira ambição: se tornar desenhista.


Clique na imagem para ler a tirinha

De lá para cá, são mais de 200 personagens e 1 bilhão (!) de revistas vendidas em 125 países.

A Mônica, inspirada na própria filha, surgiu em 1962.

Para comemorar a data foi organizada uma grande exposição em São Paulo, no Museu Brasileiro das Esculturas – MuBe (Av. Europa, 218 – Jardim Europa).

Hoje será a abertura, somente para convidados. A partir de amanhã, ela fica aberta ao público, até 18 de agosto.

Na TV, haverá a exibição de um documentário sobre a trajetória de Mauricio no Biography Channel. Será hoje, às 22h, para toda a América Latina.

Além disso, dois livros especiais serão lançados em setembro: MSP 50, em que 50 artistas nacionais reinventam os personagens da Turma da Mônica, entre eles, Angeli, Ziraldo, Laerte, Gonzales, Spacca, Guazzelli, Fábio Moon e Gabriel Bá; e Bidú 50 anos,

Mês passado, escrevi uma matéria sobre o projeto MSP 50. Para ler, clique aqui.

Na terça-feira, o Diario de Pernambuco publica entrevista que fiz com Maurício. Nela, o desenhista / empresário conta sua história, da infância até os anos 1970, quando teve que lidar com a censura do regime militar – sim, até ele precisou se adaptar aos anos de chumbo.

Até lá.

50 artistas reinventam a Turma da Mônica


Penadinho, Frank e a Cranicola, no traço de Samuel Casal

A livre adaptação da Turma da Mônica por diferentes desenhistas do primeiro time nacional é a mais interessante das homenagens que marcam os 50 anos de carreira de Mauricio de Souza. Com lançamento marcado para setembro, MSP 50 traz um grupo e tanto de artistas, entre eles, Angeli, Ziraldo, Laerte, Spacca, Samuel Casal, Marcelo Lélis, Fernando Gonsales, Fábio Moon e Gabriel Bá, Eloar Guazzelli, Fábio Lyra, Fido Nesti e Jô Oliveira. Dois pernambucanos foram convidados para integrar o projeto: Christiano Mascaro e João Lin, editores da coletânea de quadrinhos Ragú.

“É quase um dream team”, diz o coordenador do projeto, Sidney Gusman. “Além de contar com as grandes “feras”, minha preocupação foi apresentar bons quadrinistas que o grande público ainda não conhece”. Gusman conta que, para dar forma ao projeto, buscou inspiração no livro Asterix e seus amigos, que no ano passado homenageou os 80 anos do desenhista Albert Uderzo. Outra referência foi a revista Mônica 30 anos, lançado em 1993, em que Will Einser, Guido Crepax, Hugo Pratt e Milo Manara desenharam a personagem. “Fiquei bem entusiasmado a ideia. Fiz uma lista gigante e fechei com 50 artistas “.

Cada desenhista convocado teve liberdade de eleger e desenhar seu personagem preferido. Gonsales, criador do rato Níquel Náusea, apresentará sua versão para o cachorro Bidu; Spacca escolheu o dinossauro Horácio; Samuel Casal, o fantasma Penadinho; Lélis escolheu Chico Bento; Laerte fará Bidu e Franjinha; e João Lin desenhará o índio Papa Capim. Angeli, Ziraldo, Moon e Bá ainda não divulgaram quais foram suas escolhas. Guazzelli não está 100% decidido, mas deve fazer Sansão, o coelho azul.


O Astronauta de Mascaro

Sem querer, Mascaro escolheu um dos personagens mais requisitados: o Astronauta. A história está em fase de finalização. “Na hora eu pensei que estava sendo bem original”, brinca Mascaro, que adianta com exclusividade aos leitores do Diario um dos estudos que guiarão sua releitura do explorador espacial. “Sempre gostei bastante do Astronauta. Estou fazendo algo que remete às histórias em quadrinhos de ficção científica europeia, como as criadas por Moebius”.

Mascaro acredita que o MSP 50 pode contribuir para evidenciar o mérito artístico do trabalho de Maurício, por vezes criticado por sua vocação comercial. “O sucesso dele é algo que impressiona num país que sequer conta com uma indústria de quadrinhos. Ele construiu um império que se reinventa, e tirar o valor artístico da sua obra é algo que beira o cinismo”.

(Diario de Pernambuco, 26/06/2009)