Oficina de Serigrafia Guerrilheira em Olinda

O artista gráfico Paulinho do Amparo volta a oferecer as antológicas Oficinas de Serigrafia Gerrilheira, onde participo como produtor. O objetivo é repassar a técnica e os segredos de como reproduzir rapidamente qualquer imagem, desenho ou foto com baixo custo e poucos recursos. Para impressão em papel, parede, tecido ou qualquer outro suporte (sólido).

O oficineiro, por exemplo, há tempos vem aplicando a metodologia para produzir cartazes, capas de CD e camisetas, bem conhecidas no meio cultural Recife-Olinda. Você pode saber um pouco mais sobre seu trabalho clicando aqui.

Esta é a chance de aprender esta arte zen da reprodução de imagens artesanais, com o mestre dos cartazes mais roubados da cidade.

A duração da oficina é de uma tarde de sol, onde será ensinado como esticar uma tela serigráfica, transferir qualquer imagem para a tela, e fazer uma boa impressão em qualquer suporte. Quem quiser imprimir um desenho pra levar, deve trazer papel, camiseta ou outro suporte de preferência.

As vagas são limitadas – apenas 10 pessoas por turma. A primeira turma está marcada para o próximo sábado (dia 16), às 13h. Inscrições podem ser feitas pelo telefone (81) 3439-5806 / (81) 9675-6252, pelos emails paulodoamparo@gmail.com e andrehdib@gmail.com, ou até mesmo mediante comentário neste blog.

Curso de Ilustração digital na Oi Kabum! (Recife)

O artista gráfico João Lin abriu um curso de ilustração digital na Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia. Vagas limitadas a oito alunos. A carga horária é de 18h, distribuídas entre segundas e quartas, das 19h às 22h. Inscrições pelos fones 3224-5656 / 9667-0394 ou email joaolin@terra.com.br, ao valor de R$ 300. O curso começa dis 3 de junho. A Oi Kabum! fica à Rua do Bom Jesus, 147.

Confirmado para setembro o 9º Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco – veja as novidades

Boas notícias no mundo das artes gráficas. A organização do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos confirmou sua nona edição, e antecipou algumas novidades sobre o evento que mais atrai visitantes ao Observatório Malakoff. A mudança mais visível é no calendário: o FIHQ foi transferido para setembro, cinco meses distante da época tradicionalmente reservada a ele.

“Nós já queríamos mudar a data há muito tempo. Em abril chove e venta muito, e isso prejudicava as atividades como exposições, feiras de quadrinhos, e palestras de convidados de outros estados e países. Por isso, a época ideal é durante o verão”, explica João Lin, presidente da Associação dos Cartunistas Pernambucanos, a entidade que organiza o festival junto com a Fundarpe.

A confirmação marca o fim das incertezas sobre a continuidade do evento, surgidas com o fim do governo Jarbas Vasconcelos, gestão na qual o FIHQ foi criado. Apesar de ser considerado um dos melhores festivais do país, ele teria condições de se reinventar para se desvincular da imagem associada ao governo anterior?

O novo governo estadual agiu positivamente, e se mostrou favorável à continuidade do festival desde a primeira negociação com a Acape. De janeiro para cá, eles vêm discutindo melhorias no formato do evento, na perspectiva de investir na educação e na interiorização. Ou seja, o FIHQ fica, e a edição deste ano arrisca ser a melhor de todos os tempos.

“A proposta da nova gestão em vincular educação e cultura encaixou com a nossa”, comemora João Lin. Ele adianta que haverá oficinas exclusivas e gratuitas para professores e alunos da rede pública, sobre teoria e prática das artes gráficas, um bom começo para a discussão da linguagem dos quadrinhos em sala de aula.

Outra surpresa em vias de se concretizar é a itinerância das exposições, o que permitirá ao público do interior do estado ter acesso a uma produção mundial até então restrita à capital. “Sempre desejamos isso. É um desperdício ter uma exposição montada e não percorrer outras cidades de Pernambuco”, afirma Lin.

E atenção, artistas: agora, o primeiro lugar em cada categoria ganha R$ 6 mil, R$ 2 mil a mais do que no ano passado. Assim, em termos de $$, o “novo” FIHQ só fica atrás do Salão de Humor das Cataratas do Iguaçu (PR), cujo prêmio é de U$ 10 mil (aproximadamente R$ 20 mil), e se equipara ao Salão Carioca de Humor(RJ).

Na edição de 2006, indicada para o troféu HQ Mix como um dos melhores festivais de quadrinhos do ano, o FIHQ inovou ao abrir no ano passado uma quinta categoria competitiva inédita no Brasil (ilustração editorial), e ousou politicamente ao colocar na mesma comissão julgadora um artista árabe (Naif Al-Mutawa) e um norte-americano (Peter Kuper).

Este ano, as inscrições devem começar em julho, e seguirão abertas durante 45 dias, para as categorias cartum/desenho de humor, charge, história em quadrinhos, caricatura e ilustração editorial. A cada edição, o evento recebe uma média de 400 trabalhos de 20 diferentes países.

Parakuki – novo CD com arte de Paulinho do Amparo

Saindo do forno mais um CD com a capa assinada por Paulinho do Amparo. Parakuki é o primeiro projeto solo de Shina, ex-integrante de várias bandas pernambucanas durante os anos 90. Por enquanto, ele pode ser comprado a R$ 12 pelo email shinadabanca@hotmail.com, ou então na filial da loja Chilli Beans do Shopping Tacaruna (limite Recife/Olinda). Para os leitores deste blog, sai por R$ 10. É só se identificar na hora da compra.

Capas de discos ilustradas ou com histórias em quadrinhos são uma combinação certeira. Remontam aos álbuns de jazz desenhados por Gene Deitch nos anos 30 e 40. Do namoro do underground com o rock’n’roll, o caso mais representativo é a capa de Cheap Thrills, a banda de Janis Joplin, por Robert Crumb. No Brasil, Tubarões Voadores (1984), do meu conterrâneo Arrigo Barnabé, trouxe a alucinada arte de Luiz Gê para o universo da música. Mais recentemente, Aystelum, de Ed Mota, traz no encarte uma história de detetive, arte da talentosa Edna Lopes, esposa de Motta e autora da poética HQ Amana ao Deus Dará.

Em Pernambuco, Paulinho do Amparo vem experimentando não só a linguagem dos quadrinhos em capas de CDs, mas o próprio formato e matéria prima desse produto. Os CDs de seu selo, 3 ETs Records!, são encartados em envelopes de papelão serigrafados e dobrados. O resultado, rústico e artesanal, faz seu trabalho ser como uma marca própria, reconhecida à distância. O que fez da cantora Isaar de França (CD Azul Claro), do grupos Mundo Livre (Bêbadogroove) e Orquestra Contemporânea de Olinda, e do cineasta Cláudio Assis (Baixio das Bestas) entrarem no rol dos clientes de Paulinho.

O encarte abaixo é do CD A Misteriosa Luz Negra, dos 3 ETs. Clique para ampliar.

Pra quem quiser saber mais sobre o CD de Shina, publico abaixo o texto de apresentação que escrevi para ele Parakuki:

Shina-o-town – Parakuki

“Papai, toma parakuki”, disse o menino Ian, do alto dos três anos de idade. Ele segurava entre os dedos o pequeno, aliás, invisível, parakuki. O pai, codinome Shina-o-town, abriu a boca e fez que comeu. Sorriso nos lábios do garoto. Mal sabia que sua fantasia infantil renderia mais do que este momento em famíla: parakuki virou CD.

O projeto Parakuki é uma viagem com beats eletrônicos, funk, hip hop, ragga e afoxé. É também o primeiro vôo solo de Shina, “Shina com S, você jamais esquece”, brinca o cantor, compositor e percussionista, para se diferenciar do quase-xará, vocalista do grupo Del Rey: a pronúncia é a mesma; o conteúdo, um tanto diferente.

As bases misturam samplers e os inconfundíveis sons low-fi produzidos no estúdio 3 ETs Records!, do olindense Paulo do Amparo. Um amigo “desde a idade da pedra lascada”, Paulinho não está no projeto por acaso. Para Shina ele é uma espécie de guru. Se conheceram antes mesmo dos longínquos 1990, quando tocaram na Massa Encefálica, a banda punk hardcore que tinha na formação Hugo Carranca (ex-Bonsucesso e atual Guardaloop) e Davi Ratz-Azary na formação.

Letra e voz são matéria prima pra qualquer MC, e é onde reside a força criativa de Shina. Crescido em São José, bairro de tradicional blocos carnavalescos, ele faz questão de informar que, por volta dos dez anos, era tricampeão de frevo, e que desde cedo aterrorizava na capoeira. Passado que se reflete nas letras de Parakuki, assim como a crítica ao racismo, o registro do cotidiano dos camelôs e os recentes ataques de tubarão na praia de Del Chifre, onde costumava pegar onda na adolescência.

Parakuki é um novo “marco zero” na carreira de quem já tocou na Sô Severino (com Tânia Cristal) e Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis; gravou dois CDs com Girimum e seus Machiches, banda em que também compôs e cantou, de 1993 a 2004; teve passagem por dois Abril Pro Rock (1996 e 1997, na jam session em homenagem a Chico Science, com Max Cavalera, Otto, Nação Zumbi e O Rappa), dois PE No Rock (1997 e 2004) e pelo Festival de Inverno de Garanhuns (1996), quando Jorge Cabeleira abriu para Alceu Valença.

Se essa história fosse uma roda de capoeira, Shina arriscou levar rasteira, esquivou, ensaiou o rabo-de-arraia, saiu na bananeira e deu a volta ao mundo, pra começar tudo de novo.

Tome Parakuki você também!

André Dib

Oi Kabum: Jovens artistas saindo do forno

Nesta sexta (13), a partir das 16h, acontece a Mostra Aí Kabum! – I Exposição dos Jovens do Projeto Oi Kabum!. A exposição é resultado de um projeto mantido pela escola de arte e tecnologia Oi Kabum!, que visa capacitar jovens com aulas de fotografia, vídeo e outras áreas produtivas da cultura. A atividade é fruto de uma parceria entre a ONG Auçuba, a Oi Futuro e a Prefeitura do Recife. O endereço de lá é Rua do Bom Jesus, 147 – Recife Antigo, e o telefone para visitas guiadas, 3224-0281. A exposição ficará aberta durante um mês, entre 16 de abril e 16 de maio (segunda à sexta), das 14h às 18h.

Entre os instrutores do projeto está o artista gráfico João Lin, responsável pelas aulas de design ao lado de Rosana Aires. A julgar pelo excelente nível cartaz acima (clique para ampliar), de autoria de Fred Silva, 19 anos, os alunos aprenderam rapidinho. Orientado para criar um desenho inspirado no artista plástico Mondrian, Fred Silva extrapolou as expectativas criando numa estética bem parecida com a do gaúcho Fábio Zimbres. Seu cartaz foi selecionado entre 20 trabalhos da classe, segundo João Lin, todos muito bons. Ou seja, parabéns à turma de estreantes!

300 de Esparta: divagações sobre a suposta "fidelidade" do cinema aos quadrinhos


“Fidelidade” é uma palavra que tem sido repetida orgulhosa e infinitamente por Zack Snyder, diretor do filme “300“, inspirada na graphic novel homônima de Frank Miller. Muito bem divulgado pela imprensa, “300” está à disposição do público desde ontem, em 550 salas brasileiras. Por um lado, vitória para os quadrinhos, arte geralmente diminuída, aqui enobrecida pelo tratamento de luxo e evidência nunca desfrutada em sua centenária trajetória.

Por outro, problemas no tocante ao processo de adaptação me saltam aos olhos. Nas cenas acima, não resta dúvida. “Igualzinho”, não é?

Não é bem o caso da pintura abaixo, veja bem como os espartanos foram retratados:

Nada tão “macho” quanto os guerreiros de Miller.

Enquanto escrevia uma crítica de “300” para o site da Continente Multicultural, me questionei bastante sobre a utilização da linguagem dos quadrinhos no cinema. Naturalmente não cheguei a muitas conclusões. Como explicar a artificialidade e falta de fluidez de filmes como “300”, meu caro Watson? Foi inevitável, enquanto assistia ao filme, fiquei o tempo todo comparando: “nossa, é igualzinho mesmo!”.

Bom, tenho que admitir que a cópia transposta por Snyder é muito bem feita. Realmente, o filme conseguiu manter intacta a estética original. Não tão obsessivamente quanto Robert Rodriguez e o próprio Frank Miller fizeram em “Sin City“, clonagem quadro-a-quadro que chega a dar náuseas após duas horas de projeção. “300” utiliza mais recursos de cinema, graças a Zeus.

Talvez as melhores adaptações dos quadrinhos para o cinema sejam as assumidamente traduzidas para a linguagem audiovisual, ou seja, são cinema antes de tudo. Tomem, por exemplo, os filmes de super-heróis. Eles parecem bem resolvidos quanto a isso. Neles, a fidelidade está em, durante o processo de tradução estética entre uma linguagem (HQ) para outra (cinema), preservar as características dos personagens, o contexto em que foram criados, enfim, sua essência. Filmes como “Ghost World”, “Hulk”, “Homem-Aranha”, “X-Men” e “Quarteto Fantástico” vem fazendo isso muito bem.

Claro que não é o caso de invalidar experiências como “300” e “Sin City”. Elas não são meros subprodutos das HQs. Pelo contrário, apontam para um diálogo de linguagens onde só o equilíbrio pode gerar bons frutos. Quando este for alcançado, teremos filmes bem mais interessantes de se assistir. Um bom exemplo neste sentido é o não tão recente “American Splendor” (Robert Pulcini), que conta a história do roteirista de quadrinhos Harvey Pekar.

Júlio Bressane, em seu ótimo livro-ensaio “Cinemancia”, trata do processo de tradução de uma forma mais livre e essencial. De uma língua para outra, analisando o caso de São Jerônimo, que converteu a Bíblia do Sânscrito para o grego. E da literatura para o cinema, exemplificando com sua então recém lançada adaptação de Machado de Assis, “Brás Cubas”. Quem assistiu ao filme, sabe que ele é uma viagem de sons e luzes ao universo machadiano. Nem de longe passa por uma transposição literal de diálogos e descrições de ambiente contidos no romance original. O sentido e a maneira machadiana de olhar para a realidade, no entanto, brilha no filme inteiro.

Isso porque para Bressane, a recriação é imprescindível no processo de tradução. Tanto que seu Brás Cubas reinventado para o cinema é diametralmente oposto (e infinitamente superior) ao interpretado por Reginaldo Faria no filme de André Klotzel, que se dispôs a adaptar “fielmente” o livro de Assis. O máximo que uma obra assim pode atingir é o da reverência ao original. Um culto que termina em si, que não extrapola como arte.

De volta aos espartanos, o “fiel” (como um escravo?) diretor Snyder demonstra com orgulho ter reproduzido a luz, a textura, os diálogos, enquadramentos, exatamente como na HQ original, esta servindo como o mais perfeito storyboard do planeta. Um sinal de respeito e tributo, mas também de engessada submissão, característica limitante do potencial que um bom filme pode atingir.

Caro Watson, onde está Wally (Snyder)? Cadê o seu olhar como tradutor?

Por fim, como bem provou Mary Shelley, ao criar seu Frankenstein há quase dois séculos, encerro com a máxima nada matemática: a soma das partes nunca é igual ao todo.

Ragú na Folha de São Paulo

A revista pernambucana Ragú foi assunto da Folha de São Paulo da última segunda-feira (26 de março). Na matéria, Pedro Cirne atribui à publicação qualidades como “atípica”, “singular” e “independente”. O mesmo texto ainda trata do lançamento da revista paulista Tulípio. Leia abaixo, a resenha, na íntegra:

Nova “Ragú” traz o diverso do Brasil
Revista de Pernambuco aposta em diferentes traços e temas; a gratuita “Tulípio” tem tiragem de 15 mil

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A revista vem de Pernambuco, mas os autores são de vários lugares do Brasil. O novo número da publicação independente “Ragú” acaba de ser lançado e, com ele, a oportunidade de ver trabalhos dos pernambucanos João Lin e Mascaro, do mineiro Lelis e dos gaúchos Fábio Zimbres e Gazzelli.

“Ragú” é uma revista atípica no mercado brasileiro. Além de trazer um alto número de artistas nacionais (17, além do alemão Hendrik Dorgathen), a publicação oferece uma grande variedade de estilos.

Assim a bonita e triste “O Pai”, de Mascaro, é bem diferente da experimental “Fim – E Viveram Felizes para Sempre…”, de Daniel Caballero.

Esta era uma das propostas dos criadores quando surgiu a “Ragú” número zero, em 2000, e que se mostra ainda forte sete anos depois: trazer quadrinho autoral, com a cara do criador.

Algo distante dos mangás ou das histórias de super-heróis e que às vezes é até difícil de enquadrar em algum gênero convencional, como o “Desenho Cop”, de Jaca.
Outra proposta era mostrar a diversidade brasileira, dos estilos à seleção de temas. Não há menção a samba ou futebol, mas há uma história sobre meninos de rua, de Mascaro, e uma homenagem de Fábio Zimbres ao livro “Macunaíma”, de Mário de Andrade.

Isso não significa que é necessário abordar, sempre, valores nacionais para sair em “Ragú”. A maioria das histórias tem temas universais, como violência, e há até a adaptação de um texto escrito em sânscrito. Mas há uma identidade, uma independência na criação das histórias, que torna “Ragú” uma revista singular.

Tulípio

Há outra novidade entre os quadrinhos independentes, no eixo Rio-São Paulo: o quarto número da revista de humor “Tulípio”, de Eduardo Rodrigues (texto) e Stocker (arte).
Autêntica “leitura de boteco”, a revista de distribuição gratuita é estrelada por Tulípio, que sempre é retratado dentro de um bar, normalmente pedindo mais uma dose ao garçom ou tentando, em vão, atrair a atenção de mulheres bonitas.

“Tulípio” chega aos 15 mil exemplares. Além disso, irá, pela primeira vez, ser distribuída fora de São Paulo: em cinco bares no Rio, além de em 15 na capital paulista. Se Tulípio, o boêmio, de fato existisse, certamente brindaria a isso. Mais de uma vez.

Revistas de cultura abrem espaço para humor e quadrinhos

Mais humor e quadrinhos invadindo revistas de cultura: a Continente Multicultural de março traz um especial sobre humor gráfico no Brasil, enquanto a Revista Cult dedicou seu dossiê de março à “revolução” dos quadrinhos.

Na Continente, três matérias tratam de caricaturistas e chargistas que fizeram e fazem história nos jornais e revistas brasileiras desde os anos 30 do século 19. A principal, assinada por Carlos Haag, traça um panorama nacional e cronológico sobre o assunto, a partir de 1837, quando um desenho de Manoel de Araújo Porto-Alegre denunciava um caso de corrupção nos Correios. Pioneirismo desmentido pelo cartunista e pesquisador Laílson Cavalcanti, que em sua matéria recorre à publicação primordial O Carcundão , jornal satírico publicado no Recife entre 25 de abril e 16 de maio de 1831 para indicar uma ilustração anônima de um burro corcunda destruindo a coices uma coluna grega como a primeira caricatura publicada no Brasil. Por sua vez, Diego Dubard se debruça sobre a pouco valorizada história do cartunismo pernambucano, uma trajetória que tomou vulto com a vinda da Corte Real ao Brasil, passou por Gilberto Freire assinando com um pseudônimo, por um talentoso menino que morou na rua, conhecido como Gato Félix, até desembocar no conhecido Papa-Figo e a produção atual. Abaixo, um desenho do Gato Félix:

Surpreendente o número de páginas dado pela Cult para tratar de quadrinhos, praticamente ausentes das páginas da revista especializada em literatura nos mais de dez anos de revista. Reflexo da mudança de editora, ou da mudança no mercado de quadrinhos? O pesquisador Gonçalo Jr. faz o diagnóstico no texto “Bancas em baixa, livrarias em alta“, e conclui que a crise das revistas em quadrinhos de banca de jornal tem mais a ver com a falta de criatividade da atual produção do que com a suposta ameaça da internet e jogos eletrônicos. Afinal, nos anos 80, auge comercial dos gibis, já havia televisão… De quebra, matérias sobre a história das graphic novels, censura, musas eróticas das HQs, e uma entrevista com um Ziraldo um tanto antipático.